segunda-feira, 20 de abril de 2009

CASAL FRANCO-MARROQUINO DEIXA DE ALIMENTAR OITO DE SEUS FILHOS PARA PURIFICÁ-LOS

Banyuls-sur-Mer


Um casal franco-marroquino de 49 e 48 anos, foi detido e levado à justiça por
abusar de oito dos seus nove filhos. Eles não tinham o hábito de alimentá-los, porque o pai, de origem marroquina e "rigoroso muçulmano", como ele próprio confessou, alegava que a magreza extrema era uma prova da boa educação e da purificação corporal. Quanto maior o jejum, menos o organismo precisaria das necessidades mundanas.

Por isso, seus filhos de 7 a 17 anos, estavam totalmente desnutridos, e morrendo de fome. De fato, a polícia descobriu o escândalo, porque um dos filhos, Yassim de 16 anos, 1,65 metros, e 32 quilos, remexia o lixo do bairro em segredo para alimentar-se. Não porque tinha vergonha, mas para se esconder da vigilância paterna.

O estado de saúde das outras crianças exigiu hospitalização. Começando com duas meninas de 13 e 15 anos que pesavam 22 kg e cujos corpos esqueléticos denunciam agora o delírio dos pais.

Tudo ocorreu em Banyuls-sur-Mer (Pirineus Orientais) perto de Perpignan, a apenas três quilômetros da fronteira espanhola. O Ministério Público, representado pelo procurador de Perpignan Jean-Pierre Dréno, denunciou o casal por torturar seus filhos com desculpas religiosas. Privando-os de alimentos e, por vezes, sujeitando-os a todo tipo de castigos corporais.

"Meus filhos precisam de purificação. É por isso que optamos por privá-los dos alimentos", alegou o pai de 49 anos, uma vez comprovada a degradação de sua família.

A polícia descobriu que a cozinha da casa foi fechada com cadeados e correntes. Ninguém podia acessar as chaves sem permissão paterna, mas ainda não está claro por que apenas uma das nove crianças foi alimentada regularmente.

"Ele tem problemas mentais. É um iluminado, alguém místico, que interpreta a religião à sua maneira. Ele tinha alucinações, pensava que iria morrer e que era vítima de bruxaria ", disse a advogada do casal, Catherine Barrère, à AFP.

"Há uma grande diferença entre alguém que abusa dos seus filhos de forma perversa e alguém que está perturbado e impõe regras de vida austera, não só a sua família mas também a si mesmo", defendeu Barrère que solicitou um exame psiquiátrico de seu cliente.


Fonte: El Mundo/Le Figaro

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