terça-feira, 7 de abril de 2009

Cavaleiros Templários esconderam o Sudário de Turin, diz o Vaticano



Cavaleiros medievais esconderam, e secretamente veneraram, o Sudário de Turim por mais de 100 anos após as Cruzadas, disse o Vaticano ontem, em um anúncio que parece resolver o mistério da relíquia que desapareceu por anos.

Os cavaleiros templários, uma ordem que foi reprimida e dissolvida por alegada heresia, cuidou do pano, que ostenta a imagem de um homem com uma barba, cabelos compridos e as feridas da crucificação, segundo investigadores do Vaticano .

O Sudário, que é mantido na capela real da Catedral de Turim, há muito tem sido venerado como a mortalha em que Jesus foi sepultado, mas a imagem só apareceu claramente em 1898, quando um fotógrafo observou um negativo.

Barbara Frale, uma investigadora do Arquivo Secreto do Vaticano, afirmou que o Sudário desapareceu no saque de Constantinopla em 1204 durante a Quarta Cruzada, e não apareceu novamente até meados do século XIV. "Seu destino nesses anos sempre intrigou os historiadores", acrescentou a Drª. Frale no L'Osservatore Romano, jornal do Vaticano.



No entanto seu estudo sobre o julgamento dos Cavaleiros Templários trouxe a luz um documento no qual Arnaut Sabbatier, um jovem templário francês que entrou no fim, em 1287, testemunhou que na sua iniciação, foi levado para "um lugar secreto que apenas o Irmãos do Templo tinham acesso. " Lá ele viu "um longo pano de linho em que ficou impressa a figura de um homem" e venerou a imagem, beijando os seus pés por três vezes.

A Drª. Frale disse que, entre outras alegadas infrações como a sodomia, os cavaleiros templários foram acusados de adorar ídolos, em particular uma "figura barbuda". Na realidade, no entanto, o objeto que tinham secretamente venerado era o Sudário.

Eles asseguravam a segurança do sudário para que não caísse nas mãos de grupos como os hereges Cátaros, que alegavam que Cristo não teve um verdadeiro corpo humano, apenas a aparência de um homem, e que não podia ter morrido na cruz e ser ressuscitado. Ela disse que sua descoberta validou uma teoria apresentada pela primeira vez pelo historiador britânico Ian Wilson em 1978.

A Ordem dos Cavaleiros Templários foi fundada na época da Primeira Cruzada, no século XI, para proteger cristãos que faziam a peregrinação a Jerusalém. Foi aprovada pelo Papa, mas quando a Fortaleza de Acra caiu em 1291 e os Cruzados perderam o poder na Terra Santa, o apoio a ordem foi retirado, em meio a crescente inveja de sua fortuna em imóveis e bancos.

Rumores divulgados por ordem de Filipe IV rei da França, sobre corrupção, sodomia e cerimônias secretas, onde noviços alegavam que tinham de negar Cristo por três vezes, cuspir na cruz, e beijar seu superior nas nádegas, umbigo, e lábios, prepararam o terreno para que o rei, que cobiçava a riqueza da ordem e lhe devia dinheiro, exercesse pressão sobre o Papa Clemente V para dissolvê-la e prender seus líderes.

Vários cavaleiros, inclusive o Grão Mestre, Jacques de Molay, foram queimados. As lendas dos Templários, sobre rituais secretos e tesouros perdidos, há muito fascinam os teóricos da conspiração, e figuram em O Código Da Vinci, que repetiu a tese de que os cavaleiros guardavam o Santo Graal.

Em 2003 a Drª. Frale, especialista medieval do Vaticano, revelou o registro do julgamento dos Templários, também conhecido como o Pergaminho de Chinon, depois de se aperceber que tinha sido indevidamente catalogado.

O pergaminho revelou que o Papa Clemente V aceitou que os Templários eram culpados de "pecados graves", como a corrupção e imoralidade sexual, mas não de heresia.

Sua cerimônia de iniciação envolvia realmente cuspir na cruz, mas esta heresia era parte de uma preparação psicológica, caso tivessem de fazê-lo se fossem capturados por forças muçulmanas, disse a Drª Frale.

No ano passado, ela publicou pela primeira vez, a oração dos cavaleiros templários composta quando injustamente presos, em que recorriam à Virgem Maria para persuadir "nossos inimigos" a abandonar as calúnias e mentiras e voltar para a verdade e a caridade.

Os testes de radiocarbono no Sudário de Turim, em 1988, indicaram que a peça era uma farsa medieval. No entanto, estes foram contestados com o argumento de que a amostra foi tomada a partir de uma área da mortalha emendada após um incêndio na Idade Média, e não uma parte do tecido original.

Após o saque de Constantinopla, foi visto próximo a Lirey na França, em 1353, quando foi exibido em uma igreja local por descendentes de Geoffroy de Charney, um cavaleiro templário queimado com Jacques de Molay.

Ele foi transferido então para várias cidades européias até o momento em que foi adquirido pela dinastia Savóia em Turim, no século XVI.

Propriedade da Santa Sé desde 1983, o Sudário foi exibido publicamente em 2000, e será mostrado de novo no próximo ano.

O Vaticano não declara se é genuíno ou uma falsificação, deixando para os crentes a decisão. O falecido Papa João Paulo II afirmou que era "um ícone do sofrimento dos inocentes, em todos os tempos."

Os auto-proclamados herdeiros dos cavaleiros templários têm solicitado ao Vaticano a "restauração da reputação" da ordem, e o reconhecimento do confisco de £ 80 milhões.

A Associação da Ordem Soberana do Templo de Cristo, com sede na Espanha, disse que, quando a ordem foi dissolvida pelo Papa Clemente V, em 1307, mais de 9.000 propriedades, fazendas e empreendimentos comerciais pertencentes aos cavaleiros foram apreendidos pela Igreja.

A filial britânica, sediada em Hertfordshire, que também alega descender dos Cavaleiros Templários, exige uma desculpa do Vaticano para a perseguição papal da ordem.


Fonte: Times Online

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