quinta-feira, 7 de maio de 2009

Análise do pé distancia "Hobbit" da espécie humana

Concepção artística mostra o Homo floresiensis caçando; estudos devem reacender polêmica sobre origem desses indivíduos


Estudos publicados na quarta-feira (6) pela revista "Nature" dão novo gás para a discussão sobre a origem do hominídeo anão Homo floresiensis --apelidado de "Hobbit", encontrado na ilha de Flores, na Indonésia.

Enquanto um afirma que o indivíduo representa uma nova espécie, muito pouco parecido com os humanos, outro sugere que ele é um hominídeo que evoluiu para o nanismo em razão de seu habitat.

O "Hobbit" gerou grande repercussão nos estudos de evolução humana quando seus fósseis foram descobertos na ilha indonésia de Flores, e descritos em 2004 --a descoberta é considerada o principal achado da paleontologia em décadas. O grupo de indivíduos media cerca de 1 metro, pesava 30 kg e viveu há cerca de 18 mil anos.

Em um primeiro momento, eles foram classificados como "pequenos indivíduos parecidos com um homem".

A teoria era que o H. floresiensis era de uma espécie diferente da humana --teria sofrido uma "evolução para trás", reduzindo o tamanho dos mamíferos.

Outros cientistas afirmavam que, na verdade, "Hobbit" era um humano comum com microcefalia, doença que reduz o tamanho do crânio.

Entretanto, um estudo liderado por William L. Jungers, da Stony Brook University (EUA), evidencia que o ancestral da espécie não era o Homo erectus --suposto ancestral do homem moderno--, mas sim outro hominídeo primitivo.

Os pesquisadores chegaram a essa conclusão com base na análise do pé do "Hobbit". "Apesar de a estrutura como um todo indicar a capacidade de caminhada bípede, ele aparenta ter um pé chato e pouco capaz de correr, uma das características que, aparentemente, está com os ancestrais dos humanos desde o Homo erectus", afirma a universidade, em nota.


Pesquisadores analisaram pé do "Hobbit" e indicaram que ele é pouco capaz de correr, o que distância espécie dos humanos


"Um pé como esse nunca foi visto nos registros fósseis humanos", diz Jungers. "O peito do pé é uma característica importante do pé humano", afirma William E. H. Harcourt-Smith, um dos autores do estudo. "Esse é outro indicativo importante de que o 'Hobbit' não era como nós".

Em alguns aspectos o pé é bem parecido com o humano. O dedão é alinhado com os outros dedos e as juntas permitem que ele se alongue.

Entretanto, em outros quesitos o pé se mostra bastante primitivo: muito maior que o equivalente nos humanos, com dedões bem pequenos e dedos laterais curvados.

Há dois anos, pesquisadores de uma equipe internacional chegaram a conclusões semelhantes, analisando os três ossos do punho esquerdo de um dos esqueletos achados.

O formato do pulso do "Hobbit" é bem mais primitivo que o dos humanos modernos, assemelhando-se mais ao de grandes macacos e primeiros hominídeos.


Ambiente determina


Entretanto, pesquisadores do Museu de História Natural do Reino Unido afirmam que a razão para o tamanho diminuto do indivíduo é o ambiente em que ele habitava.

Eles sugerem que o corpo do H. floresiensis é resultado de um Homo erectus que ficou nanico devido a condições de seu habitat na Indonésia.

Eles chegaram a essa conclusão baseados no estudo de fósseis de hipopótamo encontrados na ilha de Madagascar, no oceano Índico, que tinham cérebros 30% menores do que o esperado, na comparação com seus ancestrais africanos.

"Qualquer que seja a explicação para o pequeno cérebro do H. floresiensis em relação ao seu corpo, nossas evidências mostram que seu tamanho pequeno deve ter tido um papel importante na evolução", dizem.

Para o paleontólogo Daniel Lieberman, da Universidade Harvard (EUA), essas questões devem reacender o debate sobre o assunto.

Ele afirma, entretanto, que apenas novas evidências de fósseis vão mostrar se o "Hobbit" evoluiu do Homo erectus ou de uma linhagem ainda mais primitiva que ainda não foi detectada fora da África.

O nome "Hobbit" foi dado em homenagem aos pequeninos personagens imortalizados em obras do escritor J.R.R Tolkien, como "O Senhor dos Anéis".


Fonte: Folha Online


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