Mario Vázquez de la Torre
Apesar de sua frágil aparência, meio grama de peso, a borboleta monarca percorre em cada outono milhares de quilômetros desde os Estados Unidos e Canadá até as florestas temperadas do centro do México na busca de melhores climas.
Uma pessoa de 70 quilos teria que dar 14
mil voltas ao redor da Terra para transitar uma distância equivalente à
percorrida por estes pequenos insetos, que medem pouco mais de dez
centímetros com as asas abertas.
O trajeto da borboleta monarca, condicionado pelas inclemências do tempo e infestado de predadores, termina na Reserva Natural da Biosfera da Borboleta Monarca, nos estados de México e Michoacán (México), onde estes coloridos insetos instalam seus santuários de hibernação entre pinheiros e abetos.
O trajeto da borboleta monarca, condicionado pelas inclemências do tempo e infestado de predadores, termina na Reserva Natural da Biosfera da Borboleta Monarca, nos estados de México e Michoacán (México), onde estes coloridos insetos instalam seus santuários de hibernação entre pinheiros e abetos.
Uma
geração singular que vive cinco vezes mais do que o normal e uma
orientação infalível baseada na posição do sol tornam possível a viagem
que estas borboletas realizam, que oscila entre os 2.000 e os 4.500
quilômetros de distância.
O trajeto da borboleta monarca,
condicionado pelas inclemências do tempo e infestado de predadores,
termina na Reserva Natural da Biosfera da Borboleta Monarca, nos estados
de México e Michoacán (México), onde estes coloridos insetos instalam
seus santuários de hibernação entre pinheiros e abetos.
Embora não
seja o único animal que se transfere de um lugar para outro, ocupa o
primeiro lugar do pódium por ser o que maior distância percorre em
relação a seu tamanho, segundo explica o especialista Eduardo Rendón,
coordenador do programa que a Aliança do Fundo Mundial da Natureza (WWF,
na sigla em inglês) e a companhia Telcel têm na reserva.
"Outros
animais como o grou, a baleia e o salmão também fazem longas viagens,
mas a borboleta monarca é a que tem maior alcance em comparação com suas
dimensões", diz Eduardo.
EFE
Uma pessoa de 70 quilos teria que dar 14 mil voltas ao redor da Terra para transitar uma distância equivalente à percorrida por estes pequenos insetos, que medem pouco mais de dez centímetros com as asas abertas.
Longevidade e orientação
Como se fossem folhas
secas das árvores, milhões de borboletas recebem o visitante no
santuário de Cerro Pelón, na parte mexicana (estado) da reserva.
Miriam Sánchez
Para evitar que sejam molestadas durante sua hibernação ou alertar às autoridades para a poda ilegal de árvores, vários membros da comunidade vizinha de San Juan Xoconusco realizam tarefas de vigilância pela área.
Aos
56 anos, Melquiades Moreno, conta cheio de orgulho que conhece a colina
como a palma de sua mão e explica que há 29 anos cuida das borboletas.
"Temos que estar em alerta para que não lhes joguem nada, nem paus, nem
pedras, que não as incomodem e que as deixem descansar", explica.
As
borboletas que chegam em novembro ao México fazem parte da denominada
geração "Matusalém", uma variação da espécie que vive até sete ou oito
meses, o tempo necessário para chegar do norte, passar o inverno e
iniciar a viagem outra vez. "Seria como se uma pessoa de 75 anos tivesse
cada quatro gerações um parente que vivesse 575 anos", diz Eduardo.
No
entanto, este curioso fenômeno da natureza só acontece coincidindo com a
viagem de ida, pois durante o retorno, na primavera, são necessárias
quatro gerações para alcançar as florestas do sudeste do Canadá e leste
dos Estados Unidos.
Além disso, um sentido privilegiado da
orientação lhe permite viajar por territórios desconhecidos servindo-se
da trajetória do sol e de uma grande capacidade de armazenamento de
energia.
Todas estas qualidades lhes facilitam a viagem e a
instalação na reserva, onde devem enfrentar as inclemências do tempo, a
presença de predadores e a existência de doenças e infecções que podem
acabar com ela. "O clima está determinando mudanças. As rotas não acho
que se modifiquem, mas como bons insetos pode ser que haja oscilações no
número", indica.
Desenvolvimento social
A estas complicações é
preciso acrescentar os conflitos que surgiram com os donos das florestas
quando a reserva foi declarada zona protegida, onde costumavam
comercializar madeira e cultivar nos descampados que iam se formando
depois do corte.
Marcos Delgado
"Antes da reserva, embora a borboleta chegasse não lhe dávamos tanta importância e iam e decepavam as florestas, mas agora há mais segurança", admite o presidente do comissariado dos bens comunais de San Juan Xoconusco, Felix Solis.
Este pai de família
de 40 anos faz parte da Associação Vivero Forestal "As Namoradas do
Sol", que cultiva pinheiros, abetos e cedros para reflorestar as
clareiras originadas pelo corte clandestino e aumentar a densidade da
floresta da região.
A produção de fungos, as oficinas de
artesanato e os centros de transformação de madeira procedente do manejo
florestal sustentável são alguns exemplos das novas atividades
realizadas na região, impulsionadas pela Aliança WWF-Telcel.
No
Ejido Asoleadero, na parte michoacana da Reserva, junto ao denominado
Cerro del Campanario, 15 mulheres trabalham em um pequeno centro de
elaboração de artesanato onde realizam figuras cuidadas com madeira
obtida do corte controlado das árvores.
"Graças à oficina pude
voltar ao Ejido e ficar com meus filhos, antes só podia retornar a cada
quatro meses porque trabalhava a 500 quilômetros daqui", relata a
presidente do grupo, Sonia Valencia, viúva e mãe de 4 filhos.
A
reserva inclui 59 ejidos (porção de terra propriedade comum de um
povoado), 13 comunidades indígenas e 21 pequenas propriedades com
ascendência Matlalzinca, Purepecha, Mazahua e Otomí. Em alguns destes
lugares existe a lenda de que as borboletas encarnam a alma dos
defuntos, que coincidindo com o Dia dos Mortos, em 1º de novembro,
voltam para seus entes queridos.
"A princípio foi difícil fazer a
área protegida ser respeitada porque os moradores tiveram que se adaptar
a um uso totalmente diferente da floresta", explica Eduardo.
No
entanto, apesar de seu pequeno tamanho e das complicações que sofre
durante a viagem e a hibernação, a cada ano a borboleta monarca chega
pontualmente a sua reunião de inverno nas florestas do México.
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