sexta-feira, 24 de abril de 2015

Estudo sugere que estegossauros machos e fêmeas tinham placas diferentes nas costas




Ilustração mostra diferença entre placas de estegossauro macho (em cima) e fêmea (embaixo) - Evan Saitta/ Universidade de Bristol

Machos tinham placas arredondadas, e fêmeas, pontudas. Pesquisa pode ser ‘evidência mais convincente para o dimorfismo sexual em dinossauros’.

É especialmente difícil diferenciar os machos das fêmeas de espécies extintas, como no grupo dos dinossauros, conhecidos apenas a partir de fósseis. Isso ocorre porque as distinções sexuais raramente são evidentes nos esqueletos.

 
Mas, no caso do estegossauro, do período Jurássico, um estudo publicado na quarta-feira na revista científica “Plos One” fornece um guia prático sobre como identificar os machos e as fêmeas com base na forma das placas ósseas salientes de suas costas, característica que tornou esse animal tão famoso.

Pelo que a pesquisa indica, os machos tinham placas de formato mais arredondado, e as fêmeas, de formato mais pontudo. 

Os estegossauros, que habitaram o oeste dos Estados Unidos há 150 milhões de anos, eram herbívoros de grande porte e de quatro patas, com duas fileiras de placas nas costas, bem como dois pares de espetos no final de suas caudas, que serviam para a defesa contra predadores.


A maior espécie de estegossauro chegou a medir nove metros de comprimento. Já os fósseis analisados pela Escola de Ciências da Universidade de Bristol, no Reino Unido, pertencem à espécie Stegosaurus mjosi, com cerca de 6,5 metros de comprimento.


Um “cemitério” de estegossauros no estado americano de Montana contém fósseis de vários animais com placas divididas em duas categorias: algumas mais largas e outras mais altas. As placas largas têm uma superfície até 45% maior do que as altas, que mediam cerca de 90 centímetros de altura.


— Os machos costumam investir mais na ornamentação do que as fêmeas, então as placas de largura maior provavelmente eram dos animais do sexo masculino — explicou o responsável pelo estudo, Evan Saitta, um estudante de pós-graduação em Paleontologia de apenas 23 anos. — A estrutura ampla e finas das placas e seu posicionamento na parte de trás do animal sugere que eram usadas como um atrativo sexual, análogo ao da cauda de um pavão. As placas largas provavelmente funcionavam como uma superfície de exibição contínua ao longo das costas do animal para atrair parceiros, como um outdoor.


Para testar se as placas não eram diferentes porque alguns indivíduos eram mais jovens e outros, mais velhos, tomografias computadorizadas e análises microscópicas foram realizadas. As análises mostraram que o tecido ósseo dos animais já havia parado de crescer quando eles morreram, ou seja, que as duas variedades de placas pertenciam a animais adultos.


As diferenças anatômicas entre sexos diferentes de uma mesma espécie, como a juba de um leão macho ou os chifres de um cervo macho, são chamadas de dimorfismo sexual.


Alguns cientistas têm proposto exemplos de dimorfismo sexual em espécies de dinossauros, mas muitos estudiosos ainda consideram as provas inconclusivas. De acordo com Saitta, as placas dos estegossauros podem ser “a evidência mais convincente para o dimorfismo sexual em dinossauros até o momento”.


O paleontólogo Michael Benton, da Universidade de Bristol, se mostrou empolgado com a descoberta:


— Isso sugere que muitos dinossauros usavam a seleção sexual, como aves e mamíferos fazem hoje. Geralmente são os machos que se exibem ou simulam uma luta para atrair a atenção das fêmeas.





Fonte: O Globo

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