Cientistas afirmam que aves antigas tinham características similares às dos patos e dos gansos atuais
O Tiranossauro rex acordava com o canto dos pássaros, assim como
acontece conosco, de acordo com um novo estudo publicado na
quarta-feira (12) e que monstra que as aves já eram capazes de piar e,
portanto, se comunicar há 70 milhões de anos.
"Nosso estudo
prova que as aves podiam se comunicar acima da cabeça dos dinossauros",
explicou à AFP Julia Clarke, pesquisadora da Universidade do Estado da
Carolina do Norte, em Raleigh, coautora do estudo publicado na revista
britânica Nature.
A cientista baseia sua afirmação no estudo de um Vegavis iaai, a ave "moderna" (tal como a denominamos hoje) mais antiga conhecida. Ela se assemelhava aos gansos e patos da atualidade e já existia no Cretáceo, há 70 milhões de anos.
O fóssil do animal foi encontrado na Antártica ocidental e teria 66 milhões de anos. O exemplar já tinha permitido a Julia Clarke afirmar que as aves modernas eram contemporâneas dos dinossauros, quando se acreditava que haviam surgido muito mais tarde. Mas daí a pensar que as primeiras aves "modernas" tivessem a capacidade de cantar, era algo bem diferente.
Um estudo mais aprofundado do fóssil, usando uma técnica de geração de imagens médicas em 3D muito potente, a tomografia assistida por computador, permitiu aos cientistas descobrir a presença de uma siringe, órgão que permite às aves emitir sons, assim como a laringe nos seres humanos.
Os autores do estudo observaram que as características gerais do órgão são similares às dos patos e dos gansos atuais.
"A siringe fóssil mostra uma assimetria igualmente presente nos patos e que permite assobiar e grasnar", explica a pesquisadora.
Estes sons teriam permitido a eles se comunicar e estabelecer vínculos.
A origem do canto das aves
Os pesquisadores acreditam que a siringe possa ter se desenvolvido já
numa fase avançada da evolução das aves, muito depois das espécies terem
adquirido a capacidade de voar.
Não há evidências de que o
órgão responsável pela produção de sons já estivesse presente em
dinossauros incapazes de voar, de acordo com o professor
Patrick O'Connor, da Universidade de Ohio (EUA), segundo reportagem da
BBC. "Isso sugere que a siringe chegou mais tarde na linhagem das aves.
Dessa forma, ela pode ter exercido um papel significativo na
diversificação das espécies."
Por isso, a diversidade das aves
pode estar relacionada à evolução da siringe e também de outras áreas do
cérebro, responsáveis pela produção e recepção de sons, no contexto das
interações sociais.
Fonte: UOL
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