sexta-feira, 17 de outubro de 2008

VIVER NO GELO SEM CONGELAR: UMA QUESTÃO DE GENES


Um dos maiores enigmas da zoologia são os peixes da espécie nototenia que possuem proteínas anticongelantes.

Conhecidos por sua assombrosa capacidade de sobreviver a temperaturas abaixo de zero no oceano Antártico, esses peixes e outros pouco privilegiados insetos e animais terrestres são a unica exceção a uma lei que é infalível sobre quase todo o resto dos seres vivos: aquela que faz com que o gelo mate.

Nos animais o habitual é que o sangue e outros fluidos se congelem; que os cristais de gelo rompam as membranas celulares, e que as células se desidratem , entre outros efeitos.

Contudo, todos temos distintos mecanismos para evitar o congelamento ( o primeiro, e óbvio, é evitar as zonas frias), e os peixes da espécie nototenia possuem uma muito particular.

As águas polares registram temperaturas abaixo de zero, e grande parte da água se mantem em estado líquido devido a alta salinidade. No oceano Antártico os peixes são capazes de viver abaixo do ponto de congelamento com total normalidade.

Nos anos sessenta, Arthur DeVries, professor da Universidade de Illinois, descobriu porque: esses peixes criaram seu próprio anticongelante fabricando proteínas (glicoproteínas, com moléculas de açúcar) para impedir a nucleação do gelo que da lugar ao congelamento.

É como se um recipiente com água e um com vinho fossem congelados; o segundo necessitará de uma temperatura mais baixa que o primeiro para solidificar-se, pois qualquer substância dissolvida abaixa o ponto de congelamento.

E é o que fazem esses peixes ao aumentar os solutos no sangue. O mecanismo ( as proteínas se aderem aos cristais de gelo no sangue) funciona só até os dois graus abaixo de zero, perfeito para um oceano que nunca fica abaixo dos -1,9º C.

No entanto, qual é o perfil genético que proporciona esse dom aos peixes Antárticos?

Christina Cheng da Universidade de Illinois, e seus colegas, analisaram os tecidos de quatro orgãos da espécie "Dissostichus mawsoni", a mais representativa do oceano austral.

Como era de se esperar, os investigadores descobriram que muitos dos genes encontrados nessa espécie, com respeito as águas quentes, tinham relação com a capacidade de suportar ambientes frios e ricos em oxigenio.

"Muitas das proteínas dos peixes antárticos estão implicadas na manutenção da integridade das células e proteínas funcionais em outros peixes em condições de temperaturas abaixo de zero", explica Cheng.

Segundo os investigadores, os achados poderiam servir para compreender melhor os efeitos do aquecimento global sobre esses peixes.


Fonte: El Mundo



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