segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Gary Thomas, um exorcista da vida real

O reverendo Gary Thomas realizou apenas cinco exorcismos, que julgou como legítimos casos de possessão, embora ele receba cerca de 15 solicitações por mês.


O reverendo Gary Thomas sabia que a jovem estava sofrendo no momento em que a conheceu.

"Lisa", uma mulher casada de vinte e poucos anos , foi trazida para o padre católico da Igreja do Sagrado Coração, em Saratoga, Califórnia, por membros da família, incapazes de explicar seu repentino comportamento violento.

"Eu senti uma enorme presença na sala", disse Thomas, um sacerdote ordenado e principal exorcista no norte da Califórnia.

O homem santo imediatamente fez uma oração de libertação sobre a jovem - e mesmo sendo um pequeno ato religioso teve uma resposta assustadora.

"Seu rosto começou a contorcer, ela começou a falar uma língua desconhecida para mim que não conhecia antes".

"Ela sibilava e cuspia, exibindo um olhar de serpente, que também se manifestava em sua linguagem corporal e rosto. Ela ficou revirando os olhos" , disse.

Para o olho treinado, aquilo apontava para uma coisa: a possessão demoníaca.

"Eu coloquei meu crucifixo sobre ela. Ela soltou um grito incrível. Eu levei a minha estola, que representa a minha autoridade como um membro da Igreja Católica e como sacerdote, e coloquei-a sobre ela".

"Para ficar longe dela, ela literalmente deslizou da cadeira para o chão. Eu disse: "Isso é o suficiente por hoje."

Thomas, 57, é parte de um pequeno exército crescente, o dos padres treinados para realizar exorcismos - um ritual de longa data que caiu no esquecimento nos Estados Unidos há várias décadas, em parte por causa dos filmes sensacionalistas de Hollywood como "O Exorcista".

Thomas, que foi enviado a Roma pelo bispo há cinco anos para a formação no exorcismo, é ousado na sua crença de que a possessão demoníaca é real, embora haja muitos indecisos, mesmo dentro da igreja.

"Precisamos começar uma escola de exorcismo aqui. Precisamos de um sistema. Nós não temos nenhum treinamento local", disse Thomas.

"Há 185 dioceses católicas no país, e apenas cerca de duas dezenas tem pessoal treinado no exorcismo" , ele estima.

A Arquidiocese de Nova York tem alguém que pode chamar, se necessário, mas não emprega um exorcista em tempo integral.

Mas a demanda para o ritual de exorcismo está em seu ponto mais alto - tanto que os sacerdotes não podem acompanhar os pedidos, admite a igreja.

Em novembro, foi realizada uma conferência de exorcismo em Maryland, para ajudar os sacerdotes e bispos a familiarizarem-se com a prática, que é muito mais comum na Europa e na África do que nos Estados Unidos.

Nos cinco anos que tem sido exorcista, Thomas realizou apenas cinco exorcismos.

Mas os pedidos para o rito chega na casa dos milhares. Em média, ele recebe cerca de 15 consultas por mês, disse.

"Todo mundo que vem a mim está sofrendo de alguma maneira, e essa é a chave", disse ele.

"Nosso treinamento de padre é para discernir. Precisamos discernir a causa do problema da pessoa. É sobrenatural, psicológico, ou físico?"

As pessoas me chamam pensando que é como pedir uma vacina antitetânica. "Ei, você pode me dar um exorcismo?
E eu digo, de jeito nenhum, não é assim que funciona. "

Muitas semanas - até mesmo meses ou anos - passam antes de Thomas decidir se um exorcismo é necessário.

Ele trabalha com um médico e um psiquiatra - ambos católicos praticantes que acreditam que a possessão demoníaca existe - para determinar se os problemas de um cliente são médicos ou psicológicos.

Muitos pacientes acreditam genuinamente que estão possuídos por um demônio e que apresentam sinais clássicos de possessão -, cabe a Thomas resolver se as"manifestações" de uma pessoa são genuínas.

Ele observa as reações violentas das pessoas quando tocam a água benta, a cruz ou suas vestes sacerdotais.

Algumas pessoas se contorcem, gemem, não podem controlar os seus rostos, reviram os olhos e, em alguns casos, cospem, tossem e babam, até espumar pela boca.

Outros podem começar a falar em uma língua ininteligível, ou em uma língua estrangeira que nunca falaram antes.

"Alguns tremem os membros incrivelmente. Às vezes, caem de suas cadeiras", disse Thomas.

Como uma medida final contra as falsas possessões, a Igreja exige que os sacerdotes estejam "moralmente certos" de que uma pessoa está possuída por demônios antes que possam ir ao bispo pedir a permissão para realizar o rito.

Somente então um sacerdote pode começar um simples conjunto de rezas e ações destinadas a separar um demônio de uma vítima humana.

"Os sacerdotes são, essencialmente, treinados para serem céticos - que é o que você quer, e não um sacerdote que vê um demônio em cada esquina", disse o jornalista Matt Baglio, cujo livro "O Rito", Thomas seguiu em Roma durante a sua formação em exorcismo.

Um filme baseado na obra de Baglio deve sair em janeiro, estrelado por Anthony Hopkins.

O Bispo de Illinois Thomas Paprocki, que organizou uma conferência recente sobre exorcismo, diz que o rito em si é uma benção simples em Latim.

"Os padres podem usar vestes ou seus ternos pretos com a estola roxa. Ler orações das Escrituras, repetir os cânticos do Antigo Testamento, ler a Bíblia, talvez um evangelho, porque há uma história de Jesus expulsando o demônio, "disse o bispo.

Thomas disse que não sente medo quando está realizando o ritual, tão antigo quanto a própria igreja.

"Eu não sou arrogante. Você tem que ter um tipo de respeito pelo mal, porque os demônios são muito mais poderosos que os humanos, e sem Cristo estamos mortos", disse ele.

"Mas não, eu não tenho medo. Você não pode ter, não quando você faz isso."

Ele foi atacado por demônios, segundo ele - sob a forma de tentação sexual.

"Isso acontece geralmente antes ou depois de um exorcismo. Fui atacado muitas vezes, não fisicamente, mas sexualmente", disse.

"Eles vão me mandar todos os tipos de tentações sexuais fortes para desafiar a minha alma. Mas eu sei reconhecê-lo pelo que ele é."

Dos seus cinco exorcismos, Thomas conta que Lisa foi o seu maior sucesso.

Depois da batalha inicial com o demônio, ele se reuniu duas vezes com a família para ler uma oração de libertação sobre ela - uma oração simples para proteção celeste e que não faz parte do rito atual.

Cada vez, ela cuspia, rolava a cabeça e falava em uma língua desconhecida - mas os sintomas ficaram menos intensos com a repetição da oração.

Durante a fase de discernimento, o padre descobriu que Lisa quando criança havia sido abusada sexualmente por um parente.

"Muitas vítimas do demônio foram abusadas sexualmente, o trauma provoca uma ferida na alma, que permite uma passagem para o demônio", disse o padre.

Ele também descobriu que a mãe do ex-namorado de Liexicano que jogasse uma maldição sobre ela.

A família de Lisa respondeu indo a um feiticeiro diferente para remover a maldição, "o que realmente piorou a situação", disse Thomas, que acredita que brincar com o ocultismo, práticas pagãs e com as religiões não tradicionais pode colocar uma pessoa em risco.

Ele finalmente conseguiu a permissão do seu bispo, para praticar um exorcismo.

"Ela retomou sua vida normal e conseguiu voltar à igreja e assistir à missa", disse ele, "e essas eram coisas que não podia fazer antes. Ela também não conseguia entrar em Igrejas".




Tradução: Carlos de Castro



Fonte:
New York Post


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