A antropóloga Susan Hayes, da Universidade de Wollongong, em New
South Wales, Austrália, fez uma “aproximação facial” (ela prefere esse
termo a “reconstrução facial”) do Hobbit, apelido da espécie conhecida
oficialmente como Homo floresiensis.
O indivíduo que serviu de modelo para a reconstrução facial é uma
mulher de um metro de altura, com 30 a 35 kg e 30 anos de idade, cujos
restos mortais foram descobertos na caverna de Liang Bua, na remota ilha
indonésia de Flores em 2003.
“Ela não é o que você chamaria de bonita, mas é definitivamente
diferente”, disse Hayes. Seu rosto não tem aparência feminina, os olhos
são grandes e a testa pequena.
Com formação em ciência forense, Hayes foi capaz de chegar a essa
representação facial graças a informações de análises de imagem 3D do
crânio da espécie, feitas em um programa de computação gráfica. Ela
também utilizou retratos feitos por paleoartistas do Hobbit.
Essas
interpretações antigas eram mais direcionadas para características
próximas às do macaco, enquanto sua análise sugeriu que a espécie tinha
características modernas.
Encontrando Hobbit
O esqueleto de 18.000 a 38.000 anos de idade recebeu o apelido de
Hobbit por causa de sua estatura atarracada. O hominídeo teria um
cérebro pequeno e dentes e pés relativamente grandes para a sua altura. A
espécie provavelmente vivia em habitações confortáveis nas colinas da
ilha de Flores.
Desde sua descoberta, os cientistas têm debatido se a amostra realmente representa ou não uma espécie extinta na árvore genealógica humana, talvez um “exemplar diminutivo” de Homo erectus, um hominídeo de 1,8 milhões de anos e o primeiro a ter proporções corporais comparáveis às dos modernos Homo sapiens.
Os críticos também argumentam que os restos poderiam ter pertencido a
um ser humano com microcefalia, uma condição caracterizada por cabeça
pequena, baixa estatura e retardo mental.
Um estudo de 2007, no entanto, revelou que o cérebro do Hobbit tinha
cerca de um terço do tamanho do cérebro de um humano adulto moderno. As
proporções das regiões cerebrais do exemplar são inconsistentes com as
características de microcefalia.
“Na nossa visão, nós dispensamos a hipótese de microcefalia”, disse o
antropólogo Dean Falk, da Universidade Estadual da Flórdia (EUA), em
2009. “Seus cérebros não são só pequenos, têm um formato diferente. É
uma espécie diferente”.
Também em 2007, o trabalho de Matthew Tocheri, antropólogo do Museu
Nacional de História Natural, em Washington (EUA), e seus colegas
revelou que os ossos do pulso do Hobbit eram parecidos, na forma e
orientação, com o de símios, que são muito diferentes dos ossos do pulso
de Neandertais (Homo neanderthalensis) e humanos modernos, o que também aponta para uma nova espécie.
Fonte: Hypescience
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