quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Cientistas descobrem estrelas jovens à beira de buraco negro


Astrônomos encontraram estrelas jovens em partes da Via Láctea onde consideravam sua presença impossível, como nos limites do buraco negro situado no centro da galáxia, informou hoje a Associação Astronômica dos Estados Unidos.

"Literalmente avistamos estas estrelas no ato de suas formações", disse Elizabeth Humphreys, do Centro Smithsonian-Harvard para Astrofísica, durante uma apresentação na reunião da associação em Long Beach, na Califórnia.

O centro da Via Láctea está sujeito a enormes forças gravitacionais movidas por um buraco negro, cuja massa é 4 milhões de vezes maior do que a do Sol.

Esses "puxões" de gravidade deveriam desagregar as nuvens de moléculas em que surgem as estrelas.

No entanto, os astrônomos de Harvard-Smithsonian e do Instituto Max Planck para Radioastronomia, que empregaram o radiotelescópio interferométrico de 27 antenas de Socorro, no Estado do Novo México, identificaram duas protoestrelas localizadas a poucos anos-luz do centro galáctico.

"Seu descobrimento mostra que as estrelas, de fato, podem se formar muito perto do buraco negro no centro da Via Láctea", assinalou Humphreys na apresentação.

Essa é uma região misteriosa, oculta à pesquisa humana pelo pó e o gás espaciais.

A luz visível não escapa do buraco e por isso os astrônomos devem usar outras frequências como luz infravermelha e o rádio, que podem penetrar mais facilmente a nuvem de gás e pó cósmico.

Humphreys e seus colegas buscaram os sinais de rádio que indicam a presença das protoestrelas ainda envolvidas em suas "cápsulas" de nascimento, e encontraram duas delas localizadas a distâncias entre sete e dez anos-luz de distância do centro galáctico.

Combinadas com outra protoestrela identificada anteriormente, os três exemplos mostram que há formação de estrelas perto do núcleo da Via Láctea.

Estas descobertas indicam que o gás molecular no centro da galáxia deve ser mais denso do que o calculado até agora.

Uma densidade mais alta facilitaria a gravidade de uma nuvem molecular a superar a atração exercida pelo buraco negro, permitindo não só a ela se manter agregada mas também a se aglomerar para formar estrelas novas.


Fonte: Folha Online


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