quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Fracasso da missão a Vênus causa novo revés ao Japão


O fracasso de sua primeira missão a Vênus representou nesta quarta-feira um forte revés para o Japão, que com sua tecnologia de ponta procurava preencher um vazio entre as potências mundiais em pesquisa espacial.

A Agência de Prospecção Aeroespacial do Japão (Jaxa) admitiu nesta quarta-feira que um problema técnico impediu que a sonda "Akatsuki" entrasse nesta terça-feira na órbita de Vênus, considerado o planeta "gêmeo" da Terra.

Um problema no motor, que não desacelerou a tempo, fez com que a sonda deixasse para trás Vênus, o que representou um banho de água fria para ambiciosa missão na qual Jaxa trabalhava há 11 anos.

Construída com um investimento de 25,2 bilhões de ienes (230 milhões de euros), a sonda "Akatsuki" (Aurora) havia partido 200 dias antes do centro espacial de Tanegashima, no sul do Japão, e tinha como alvo mostrar a composição da atmosfera venusiana e a origem de seus fenômenos meteorológicos.

O "pai" da missão, o cientista Masato Nakamura, reconheceu nesta quarta-feira, visivelmente triste, o fracasso, embora tenha garantido que mantém esperanças no longo prazo porque prevê que a sonda passe de novo perto de Vênus dentro de seis anos e terá então uma "alta probabilidade" de entrar em sua órbita.

Com "Akatsuki", Japão pretendia se transformar no primeiro país a realizar um mapa tridimensional das espessas nuvens sulfúricas que envolvem Vênus, além de estudar de perto seus fenômenos meteorológicos e vulcânicos.

De tivesse alcançado sucesso, teria se transformado na primeira nação asiática a chegar à órbita venusiana, onde está há quatro anos a sonda Vênus Express, da Agência Espacial Europeia (ESA).

A Jaxa já havia tentado colocar em duas ocasiões anteriores, em 1998 e 2003, uma sonda na órbita de Marte, a "Nozomi", que acabou sendo abandonada no espaço em vista dos sucessivos fracassos.

O recente fracasso representa um novo baque para o programa espacial japonês que, baseado em sua tecnologia de ponta, está centrado principalmente na prospecção planetária e de asteroides, ao contrário dos programas das outras duas potências espaciais asiáticas, China e a Índia.

Estas revelam suas próprias corridas espaciais com destaque nas missões tripuladas e a investigação sobre a Lua, e recentemente o Governo de Pequim anunciou que construirá sua própria estação espacial com o objetivo de colocá-la em órbita no ano 2020.

A Coreia do Sul, sede de gigantes tecnológicos como Samsung, luta por tornar-se a quarta potência espacial da Ásia, embora, por enquanto, suas tentativas de enviar ao espaço foguetes de fabricação nacional acabaram fracassadas.

Nesse sentido, Japão, que colabora estreitamente com a Nasa e a Agência Espacial Europeia (ESA), está atrás dos vizinhos em vários campos de pesquisa, como o dos asteroides.

Uma das maiores conquistas da Jaxa nos últimos anos foi ter conseguido neste ano trazer outra vez a sonda "Hayabusa", que havia sido lançada sete anos antes para recolher partículas do asteroide "Itokawa", que orbita na Terra.

As mostras, que estão sendo examinadas pelos analistas da Jaxa, foram as primeiras de um asteroide recolhidas no espaço a chegar a nosso planeta.

O programa de pesquisa espacial japonês começou a ser desenvolvido a pleno motor em 2003, quando Japão decidiu unir a Agência Nacional de Desenvolvimento espacial e outros dois centros de pesquisa para criar a Jaxa.


Fonte: UOL

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