O papiro foi apresentado pela professora Karen King, de Harvard Foto: Karen L. King/Harvard University/Divulgação
Um estudioso do Novo Testamento diz ter encontrado evidências
de que o chamado "Evangelho da Mulher de Jesus" é uma falsificação
moderna.
O professor Francis Watson, da Universidade de Durham, diz que o
fragmento de papiro que causou polêmica ao surgir no início desta
semana, por se referir à suposta mulher de Jesus, é uma colcha de
retalhos, e que todos os fragmentos de frases encontrados foram
copiados, com algumas alterações, de edições impressas do Evangelho de
Tomé. As informações são do Guardian.
A descoberta já acendeu um debate feroz entre os acadêmicos, mas o
professor acredita que sua nova pesquisa possa ser conclusiva. "Eu creio
que é mais ou menos indiscutível que eu demonstrei como a coisa foi
composta", argumentou.
"Eu ficaria muito surpreso se não fosse uma
falsificação moderna, ainda que seja possível que tenha sido composta
desta forma no século 4", acrescenta.
O artigo publicado online por Watson afirma que a obra foi montada
por alguém que não era um falante ativo da linguagem copta - usada pelos
cristãos egípcios durante o império romano -, o que é um jeito educado
de dizer que se trata de um trabalho
moderno.
Ele não critica diretamente a professora Karen King, de
Harvard, que apresentou o fragmento em uma conferência em Roma.
Watson
diz que ela fez um ótimo trabalho em apresentar as evidências e imagens
do fragmento. Ele crê que o papiro em si pode datar do século 4, mas as
palavras, diz ele, mostram claramente a influência dos livros impressos
modernos.
Karen afirmou acreditar que o papiro foi criado entre os
séculos 2 e 4, mas a data do objeto ainda não foi analisada
quimicamente.
Há uma quebra de linha no meio de uma palavra que parece ter sido
retirada diretamente de edições modernas do Evangelho de Tomé, um texto
genuinamente gnóstico ou cristão.
De acordo com o professor, é comum que
palavras estejam quebradas no meio em escritas antigas, como a copta,
que eram escritas sem hífens. No entanto, é incomum que a ruptura
apareça na mesma obra em dois manuscritos diferentes.
A professora Karen ainda não se manifestou sobre o assunto.
Fonte: Terra
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