sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Fuligem branca que atingiu o Rio pode ter origem no vulcão chileno Copahue



A fuligem branca que caiu no Rio de Janeiro no dia de Natal pode ter origem no vulcão chileno Copahue, que entrou em erupção no fim de semana. 


O serviço meteorológico da Argentina confirmou que uma nuvem de dióxido de enxofre se dissipou sobre a capital fluminense na última terça-feira. A estação de Buenos Aires é responsável pelo monitoramento do impacto de cinzas vulcânicas na aviação na América do Sul.



A fuligem de cor branca que caiu dos céus em vários bairros da cidade chamou a atenção de cariocas na tarde de terça-feira. 


A fuligem, bastante fina, foi observada no Centro, Glória, Leblon, Copacabana, Flamengo entre outras regiões. Alguns moradores foram obrigados a fechar as janelas temendo que as casas ficassem sujas.



— Com todo esse calor tive que fechar a janela da sala e ligar o ventilador. A poeira é muito fina e aparentemente sem cheiro — disse o morador da Glória, Marcelo Silva.



O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, disse que as equipes de emergência ambientais foram acionadas mas não conseguiram identificar a origem do problema. Nas investigações, foram consultados três quartéis de bombeiros que atendem à Zona Sul.


— A hipótese de resíduos industriais está afastada porque não há plantas do gênero na Zona Sul. Pode ter sido incêndio em lixo ou em um galpão. O que sabemos é que já parou — disse Carlos Minc.


A prefeitura também não soube explicar o fenômeno. A Secretaria municipal de Meio Ambiente informou que as oito estações de monitoramento do ar fixas e duas móveis não detectaram qualquer anormalidade na qualidade do ar na Cidade do Rio. O Centro de Operações Rio também não verificou nenhuma ocorrência que possa explicar a fuligem.


O secretário descartou a possibilidade da fuligem ser consequência de um incêndio na vegetação do terreno de um quartel da Marinha em Campos Elísios (Caxias) onde funciona uma estação de rádio. Mas tanto o Quartel Central dos Bombeiros quanto Minc acham improvável que as cinzas tenham chegado à Zona Sul.


Em Brasília, o Comando da Aeronáutica informou que não houve registros nos aeroportos brasileiros de presença de fuligem inclusive nas principais pistas de pouso e decolagem do Rio (Tom Jobim e Santos Dumont).


As autoridades ambientais também descartam a possibilidade de serem cinzas vulcânicas que se deslocam do Chile e atingiram o sul do país na terça-feira. 


As erupções foram no vulcão Copahue, localizado na fronteira entre o Chile e Argentina, que expeliu uma grande coluna de cinzas e material piroclástico a mais de 1500 metros de altitude. 


Esta é a primeira erupção da montanha no século 21. Segundo o site especializado Apolo 11, essas cinzas se aproximavam no dia 24 do litoral do Rio de Janeiro, São Paulo e do Espírito Santo.


— Se fossem cinzas vulcânicas elas não apareceriam apenas em alguns bairros e o fenômeno durariam mais horas — acredita Minc.


O meteorologista do Cptec/Inpe, Olívio Neto, disse que pelo comportamento atmosférico, acha improvável que sejam cinzas do vulcão chileno.


— Meteorologicamente falando, acho quase impossível. Seria impossível chegar ao Sudeste sem ter deixado um rastro em outras cidades do Sul, por exemplo.


Os ventos também não estão favorecendo esse movimento.Além disso, há a formação de uma instabilidade no Sul, com nuvens verticais de até 18 quilômetros, verdadeiros paredões formando uma barreira para a passagem dessa cinza. 


Também não houve qualquer relato por parte de aeroportos.Com as informações de que dispomos, eu diria que é muito mais provável que o fenômeno esteja relacionado a algum incêndio na região. 


Dependendo do padrão dos ventos e da poluição, as cinzas podem ficar numa camada próxima da Terra, não se dissiparem para a alta atmosfera,e ai começam a precipitar — disse Olívio Neto.





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