Outros locais na América do Sul revelam fogões de 50 mil anos e habitações de madeira de 13 mil anos.
Um estudo
realizado por pesquisadores franceses e brasileiros encontrou
evidências de presença humana na Toca da Tira Peia no estado do Piauí,
nordeste do Brasil, com artefatos de pedra que correspondem há 22 mil
anos atrás.
A equipe liderada pelo arqueólogo
Christelle Lahaye, da Universidade Michel de Montaigne Bordeaux na
França, disse que a nova pesquisa “contribui para a reescrita do
povoamento das Américas”.
Os resultados mostram evidências da
presença humana antes da chegada dos índios americanos Clovis,
historicamente considerados por alguns arqueólogos como os primeiros
povoadores americanos. Isso, sem contar as medições feitas anteriormente
na América do Sul de datas ainda mais pré-históricas, mas que foram
consideradas duvidosas.
“Evidência substancial das investigações
arqueológicas, bem como paleogenéticas, estudos ambientais e
antropológicos, têm levado a interpretações parcialmente conflitantes
nos últimos anos, muitas vezes devido à falta de um quadro cronológico
confiável”, disse o estudo de Lahaye, acrescentando que a nova pesquisa
confirma a boa integridade do sítio arqueológico e dos artefatos
descobertos.
“Temos confiança na precisão dos resultados de luminescência”, diz o estudo.
Por sua vez, os especialistas destacam
que “temos novas e fortes evidências de que o modelo Clovis está
desatualizado”, diz Lahaye, segundo o Instituto de Arqueologia Cass.
O último achado corresponde à presença humana na Toca da Tira no Piauí, onde os restos são 22 mil anos atrás.
Numa escala de tempo, os autores citam
outras descobertas importantes encontradas na América do Sul, incluindo
as encontradas na Pedra Furada no município de São Raimundo Nonato, no
Piauí, Brasil.
Trata-se de uma rocha descoberta em
1973, que foi um refúgio humano pré-histórico, onde há pinturas
rupestres. A equipe coordenada pela franco-brasileira Niède Guidon datou
os restos encontrados entre 48 e 32 mil anos atrás.
No local, os arqueólogos desenterraram
madeira queimada e antigos fogões de fabricação humana, além de
ferramentas de pedra de cerca de 50 mil anos atrás, informou o Cass.
Segundo o arqueólogo Gary Haynes da
Universidade de Nevada, que se recusa a confirmar os resultados do
Brasil, as flutuações na umidade do solo podem ter distorcido as
estimativas de idade.
Mas o arqueólogo Tom Dilehay, da
Universidade Vanderbilt em Nashville, respeita os artefatos encontrados
na Toca da Tira Peia e sustenta que são implementos feitos pelo homem e
semelhantes aos encontrados em Monte Verde no Chile de mais 13 mil anos e
em outros locais no Peru.
No caso de Monte Verde, sítio
arqueológico localizado às margens do estuário Chinchihuapi em Puerto
Mont no sul do país, as datações do assentamento humano descoberto no
local poderiam corresponder até 33 mil anos atrás, segundo Dilehay,
informou o Cass.
Segundo artigos chilenos, foram
encontrados restos de casas de madeira e características de um habitat
numa área florestal temperada fria.
Toca da Tira Peia
Entre 2008 e 2011, a equipe
franco-brasileira liderada por Lahaye encontrou na Toca da Tira Peia 113
artefatos de pedra em cinco camadas de solo.
Novas evidências humanas de 22 mil anos encontradas no Brasil
Os pesquisadores encontraram ferramentas
bifaciais e outros artefatos em diferentes profundidades e realizaram
medições in situ com espectrometria gama.
A datação arqueológica detectada na
camada superior chegava a 2.000 a.C. Datações de níveis inferiores foram
de 10.900-900 a.C. até uma camada de 15.100 a.C. e por último de 20 mil
a 1.500 a.C. a 1,6 metros de profundidade.
Os arqueólogos verificaram a datação dos artefatos de até 22 mil anos e agora esperam calcular quando foram enterrados.
Também participaram nas investigações
Marion Hernández da Universidade Michel de Montaigne Bordeaux; Eric
Boeda e Marina Pagli da Universidade de Paris; Gisele D. Felice da
Fundação Homem do Museu Americano (FUNDHAM); Sirlei Hoeltz da
Investigação Arqueológica do Brasil; Anne-Marie Pessi da Universidade de
Pernambuco; Michel Rasse da Universidade de Rouen; e Sibeli Viana do
Instituto Goiano de Antropologia.
Fonte: Epoch Times
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