Cientistas estão intrigados com uma doença misteriosa que está matando milhões de estrelas-do-mar. A epidemia atinge a costa do Pacífico do Alasca ao México. Ela vem reduzindo drasticamente a população desses animais marinhos e pode chegar a outras regiões do mundo.
O
fenômeno foi observado pela primeira vez em junho do ano passado, na
costa noroeste dos Estados Unidos, como relata uma extensa reportagem do
site The Verge.
A
estrela do mar doente fica coberta de lesões brancas. Depois, seus
órgãos internos começam se projetar para fora da pele. Por fim, o animal
se desintegra, perde seus braços e morre. A doença atinge mais de 20
espécies.
Ao longo de um
ano, ela se alastrou para o norte, atingindo o Canadá e o Alasca, e para
o sul, chegando à Califórnia e ao México.
Até
aquários que recebem água do mar foram contaminados. No aquário de
Seattle, quase todas as estrelas-do-mar morreram. E já se observam
alguns casos na costa Leste dos Estados Unidos, o que mostra que a
doença também ocorre no Atlântico.
Vírus
Biólogos
vêm estudando o fenômeno. A principal suspeita deles recai sobre um
vírus. O detalhe é que esse vírus já foi encontrado em estrelas-do-mar
preservadas em museus, capturadas há mais de 70 anos.
Se
o vírus existe há tanto tempo, por que só agora se tornou mortal?
“Estou totalmente convencida de que isso tem relação com mudanças
climáticas”, disse Lesanna Lahner, veterinária do Aquário de Seattle, ao
Verge. “Só não tenho nenhuma prova disso ainda”, completa ela.
O
aumento da temperatura e da acidez do oceano parecem ser os fatores que
propiciaram a propagação da doença. Lesanna pegou algumas
estrelas-do-mar doentes que estavam se desintegrando a 12°C e as colocou
num tanque refrigerado a 10°C.
Para
surpresa dela, as estrelas se curaram. Isso sugere que o aquecimento do
Pacífico Norte, que foi de 0,5°C entre 1955 e 2013, pode ter
contribuído para o vírus se alastrar. Mas as estrelas que estavam soltas
no mar não se recuperaram no Inverno, quando a água se resfria.
Mar ácido
Isso
levou os cientistas a suspeitarem que há outro fator envolvido. O
oceano absorve dióxido de carbono, gás que vem sendo produzido em
quantidades crescentes desde que o mundo se industrializou. Esse gás
reage com a água do mar, tornando-a mais ácida.
Os
oceanos, que foram ligeiramente alcalinos nos últimos 300 milhões de
anos, estão se tornando ácidos. Estudos já demonstraram que a acidez
enfraquece as estrelas-do-mar, tornando-as mais vulneráveis a doenças.
A
matança pode afetar outros animais marinhos. Há um estudo famoso
publicado em 1966 pelo naturalista americano Robert Paine. Durante dois
anos, ele removeu todas as estrelas do mar de uma piscina natural num
costão rochoso.
Nesse
período, o número de espécies na piscina rochosa havia se reduzido de 15
para 8. Paine concluiu que as estrelas-do-mar são espécies-chave, da
qual dependem outros animais. Esse conceito de espécie-chave acabou
sendo importante em estudos ecológicos posteriores.
Esperança
Se
essas são as más notícias, há também dados que trazem esperança. Pelo
que se observou até agora, as estrelas-do-mar não desaparecem
completamente das áreas afetadas. Em geral, morrem as maiores, mas resta
um certo número de estrelas pequenas.
Isso
sugere que os indivíduos mais resistentes sobrevivem à doença. Eles
poderão, com o tempo, se reproduzir e levar a população desses animais a
ser recuperar.
De fato, já
houve momentos na história em que a população das estrelas-do-mar
declinou, recuperando-se depois. É possível que aconteça o mesmo na
epidemia atual.
Fonte: MSN
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