Foto de parte do crânio de um Homo Sapiens (centro), encontrado na
caverna de Manot, na Galileia (no noroeste de Israel), colocado entre o
crânio de um Neanderthal (direita) e um crânio completo de Homo Sapiens
(esquerda)
Se fosse possível encontrar um ou dois neandertais com quem
conversar, talvez fosse possível ficar por dentro da corrida migratória
recente para a Europa. Mais de 40 mil anos atrás, os neandertais
dominaram o que se conhece hoje em dia como a Europa.
Então, um bando de
pessoas chegou, mais recentemente da África, que introduziram novas
habilidades e criatividade. Em questão de alguns milhares de anos, esses
humanos anatomicamente modernos, o "Homo sapiens", levaram os
neandertais à extinção.
Ninguém está sugerindo que a atual
população nativa da Europa corra risco de perder seu lugar.
Coincidentemente, no entanto, pesquisa divulgada na semana passada no
periódico "Science" confere peso a achados recentes segundo os quais os
primeiros migrantes humanos modernos chegaram mais cedo do que se
pensava, talvez há pelo menos 43.500 ou 45 mil anos.
Os dois
dentes encontrados em sítios arqueológicos separados na Itália parecem
contar a história do efeito inicial do "Homo sapiens" na Europa
meridional.
Os dentes eram de humanos modernos que viveram há 41 mil
anos, concluíram os cientistas. O fato pareceu resolver um antigo debate
sobre se as lâminas de pedra afiadas e os ornamentos encontrados nos
sítios pertenciam a humanos modernos ou a neandertais.
Os
cientistas afirmaram que o incisivo de Riparo Bombrini combina com o
formato de dentes humanos. O outro incisivo, da caverna Grotto di
Fumane, continha algum DNA de um tipo humano moderno. Chefiados por
Stephano Benazzi, da Universidade de Bolonha, os cientistas disseram que
isso demostra que "esse indivíduo era um humano moderno ou tinha algum
ancestral que era um humano moderno".
Segundo a equipe de
pesquisa, os dentes representavam os restos mortais mais velhos em um
contexto arqueológico de uma cultura ligada ao Período Aurignaciano que
produziu artefatos definindo a disseminação primitiva de humanos
modernos no sul e no oeste da Europa. Nas palavras da equipe de Benazzi,
a dispersão "pode, portanto, ter sido uma causa (direta ou indireta) da
extinção dos neandertais, pelo menos no norte da Itália".
Outros paleontólogos e arqueólogos disseram que a descoberta apoiava
achados recentes das primeiras chegadas do "Homo sapiens" à Europa.
Em comentário também presente na reportagem da "Science", Nicholas J.
Conard e Michael Boluss, da Universidade de Tübingen, na Alemanha,
declararam que embora ainda existam céticos, a pesquisa "parece
confiável".
Eles chamaram a descoberta de "um bem-vindo passo
adiante no estabelecimento da narrativa da colonização europeia por
humanos modernos; os registros fósseis humanos e arqueológicos muito
certamente vão se mostrar mais complexos e fascinantes do que sugere
nossa visão atual".
Fonte: UOL
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