Um clima imprevisível, muitas vezes quente e seco, explica a ausência
nos trópicos de grandes dinossauros herbívoros durante mais de 30
milhões de anos após sua aparição na Terra - de acordo com um estudo
publicado na segunda-feira.
Durante anos, os paleontólogos avançaram em diferentes teorias para
saber por que os dinossauros com pescoço longo, o Sauropodomorpha,
evitaram por muito tempo os trópicos e eram numerosos em latitudes ao
norte ou ao sul do Equador.
Os pesquisadores foram capazes de reconstruir o clima naquela época a
partir de isótopos de carbono e oxigênio extraídos de rochas nos rios do
Novo México (sudeste dos Estados Unidos), em um lugar chamado Ghost
Ranch, onde encontraram muitos fósseis de dinossauros.
Estas rochas datam de um período situado entre 205 e 215 milhões de
anos, o que corresponde ao final do Triássico, explica a pesquisa,
publicada nos Anais da Academia Americana de Ciências.
Os dinossauros começaram a aparecer cerca de 230 milhões de anos atrás.
Seu desaparecimento brutal há 65 milhões de anos foi atribuído a
diferentes teorias, a mais desenvolvida se refere a uma mudança
climática catastrófica na Terra após a queda de um grande meteorito.
Para esta pesquisa, os autores concluíram que o clima nos trópicos era
muito instável, quente e seco, por isso não havia altos níveis de
dióxido de carbono (CO2), de quatro a seis vezes mais do que hoje.
Havia períodos chuvosos por vários anos, seguidos de seca severa,
causando incêndios que geraram grandes temperaturas no ar de até 600
graus, segundo o estudo.
Os cientistas foram capazes de determinar as temperaturas produzidas
pelo fogo na análise de fósseis de carvão vegetal. Enquanto isso, o
pólen fossilizado permitiu identificar variedades de plantas que
existiam na região.
Este ambiente não era propício para uma vegetação abundante e
permanente, incluindo os descendentes da era Jurássica como o
Brachiosaurus, Diplodocus e o Brontosaurus.
"As condições meteorológicas na época eram semelhantes às áridas que
hoje reinam no sudeste dos Estados Unidos, mas com vegetação perto de
rios e florestas durante os períodos úmidos", afirmou Jessica Whiteside,
paleontóloga Universidade de Southampton, Reino Unido, e um dos autores
do estudo.
"Este clima, com flutuações tão extremas, assim como os grandes
incêndios que ocorreram periodicamente permitiram que apenas um pequeno
dinossauro bípede carnívoro sobrevivesse, como o Coelophysis", explicou
Whiteside.
Fonte: Terra
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