sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Híbrido de coiote, lobo e cão avança nos EUA


 O ‘coywolf’ se adapta a florestas, campos abertos e centros urbanos

 
 
‘Coywolf’ reúne características das três espécies e já supera marca de um milhão de animais.
 
 
O cruzamento entre espécies não é um fenômeno raro, mas, na maioria das vezes, a cria resultante é menos vigorosa que os pais. Um animal vem se mostrando uma exceção. Resultado da combinação entre coiote, lobo e cão, o “coywolf” demonstra facilidade de adaptação a diferentes ambientes e avança em cada vez mais territórios na costa Leste americana. 
 
 
De acordo com o pesquisador Roland Kays, da Universidade do Estado da Carolina do Norte, o número de espécimes já superou a marca de um milhão.
 
 Os “coywolves” surgiram há cerca de dois séculos, na região Sul da província canadense de Ontário, por uma necessidade reprodutiva. O desmatamento provocado pelo homem, somado à caça desenfreada, reduziu drasticamente a quantidade lupina, enquanto abria espaço para o aumento no número de coiotes.


Os cães domésticos foram introduzidos pelos fazendeiros. Com poucos parceiros disponíveis, os lobos se viram obrigados a cruzar com as outras duas espécies.


Em matéria publicada na revista “The Economist”, Kay explica que a herança genética dos lobos e cães, em especial de grande porte, como doberman e pastor alemão, deram vantagens aos “coywolves”.


Pensando cerca de 25 quilos, eles são duas vezes maiores que os coiotes puros. Com mandíbulas maiores, mais músculos e mais rápido, um indivíduo pode derrubar um cervo. Uma matilha é capaz de abater um alce adulto.


E o híbrido reúne características das partes. Os lobos preferem caçar em florestas, os coiotes, em campos abertos. O cruzamento resultou num animal adaptado a perseguir suas presas tanto em áreas desmatadas como em matas fechadas.


Até mesmo a vocalização reúne características das duas espécies, com a primeira parte parecida com o uivo, que em seguida se torna mais agudo, típico do coiote.


Javier Monzón, pesquisador da Universidade Pepperdine, na Califórnia, realizou um estudo com 437 animais, em dez estados do nordeste americano, além de Ontário.


Os resultados mostraram que apesar de o DNA do coiote ser dominante no “coywolf”, um quarto do material genético vem dos lobos e, um décimo, de cães domésticos.



A distribuição da espécie já abrange todo o nordeste americano, e avança para o sudeste, incluindo áreas urbanas. O que surpreende é que os coiotes nunca conseguiram se estabelecer além das pradarias, e os lobos foram dizimados das florestas.


Mas combinando seu DNA, eles criaram um animal capaz de se alastrar por territórios antes inacessíveis para espécimes selvagens, até mesmo grandes cidades como Boston e Washington. Segundo Chris Nagy, do projeto Gotham Coyote, já existem ao menos vinte “coywolves” em Nova York.


Alguns especulam que a mistura com os cães humanos permitiu a adaptação do “coywolf” às cidades, por ampliar a sua dieta. Eles comem abóboras, melancias e outros produtos agrícolas, assim como alimentos descartados.


Caçam ratos, esquilos e até mesmo gatos. Eles aproveitam as estradas de ferro para se alastrar pelos territórios, e se tornaram noturnos para se ajustar à vida nas cidades.


— É uma história contemporânea fantástica de evolução que está acontecendo bem debaixo dos nossos narizes — disse Kay.




Fonte: O Globo

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