sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Estrela-do-mar pode trazer cura para inflamações, dizem cientistas

Muco que recobre estrela pode inspirar novos medicamentos


Cientistas britânicos dizem que as estrelas-do-mar podem ajudar na descoberta de novos tratamentos para doenças como a asma, a febre do fenoea artrite.

Pesquisadores do King´s College, em Londres, estão particularmente interessados na substância viscosa que cobre o corpo da espécie Marthasteriasglacialis - também conhecida como estrela-do-mar de espinhos ou estrela-do-mar verde.

O objetivo do estudo é desenvolver uma substância que proteja o corpo humano de condições inflamatórias inspirada no muco que envolve o corpo do animal.

A equipe da empresa de biotecnologiaGlycoMar, sediada na Associação Escocesa para a Ciência Marinha em Oban, na Escócia, também diz que as substâncias químicas presentes nesse muco poderiam inspirar novos medicamentos.


Inspiração


Quando objetos são colocados no mar, tendem a ser rapidamente cobertos por uma mistura de organismos marinhos. As estrelas-do-mar conseguem manter sua superfície livre destes organismos.

CharlieBavington, um dos integrantes da equipe daGlycoMar, explicou: "Estrelas-do-mar vivem no mar, e são banhadas por uma solução de bactérias, larvas, vírus e toda sorte de coisas que procuram algum lugar para viver".

"Mas as estrelas são melhores do que teflon: possuem uma superfície anti-aderente muito eficiente que impede que as coisas grudem".

É esta propriedade anti-aderente que chamou a atenção dos cientistas, particularmente no que diz respeito a condições inflamatórias.

A inflamação é uma resposta natural do organismo a ferimentos ou infecções, mas condições inflamatórias ocorrem quando o sistema imunológico se descontrola.

Nesses casos, as células brancas, ou leucócitos, que normalmente navegam livremente pela corrente sanguínea, se acumulam e grudam nas paredes de artérias e veias, provocando danos ao tecido.

A ideia que orienta o trabalho dos cientistas é criar um tratamento baseado no exemplo da estrela-do-mar.

As artérias seriam cobertas por uma espécie de muco que impediria que as células brancas aderissem ao tecido arterial.

Condições inflamatórias podem ser tratadas de maneira efetiva com o uso de esteróides, por exemplo. Mas essas drogas podem provocar efeitos colaterais indesejados.

Eles acreditam que as estrelas-do-mar possam oferecer uma solução melhor, e por isso estão analisando as substâncias químicas presentes no muco que cobre o corpo destes animais.

ClivePage, especialista em farmacologia do King'sCollege, disse que grande parte das pesquisas já foram feitas pela própria estrela-do-mar em anos de evolução.

"Normalmente, quando você está tentanto achar uma droga nova para alcançar um determinado alvo em seres humanos, tem de testar centenas de moléculas até achar algo que lhe dê alguma pista."

"A estrela-do-mar está nos oferecendo pistas diferentes", explicou Page. "Ela teve bilhões de anos de evolução para criar moléculas que fazem coisas específicas".

Após identificar compostos promissores, a equipe está trabalhando em um laboratório para desenvolver sua própria versão dessas substâncias.

"Conceitualmente, sabemos que esta é a abordagem correta."

"Não vai acontecer amanhã à tarde, mas estamos aprendendo o tempo todo com a natureza maneiras de encontrar novos remédios."


Farmácia Submersa


A corrida paraa exploração do potencial dos oceanos no desenvolvimento de medicamentos mal começou.Já existe um novo analgésico baseado em uma espécie de caracol marinho.

Cientistas estão começando a estudar uma gama de organismos à procura de medicamentos, de pepinos-do-mar a algas.

David Hughes, um ecólogo daAssociação Escocesa para a Ciência Marinha, disseà BBC: "Existe uma grande diversidade de animais e plantas que vivem nos oceanos e poucos deles foram testados ou investigados".

"Sabemos que animais e plantas marinhos produzem uma imensa quantidade de compostos, às vezes muito diferentes daqueles produzidos por animais e plantas terrestres. Muitos deles podem ter propriedades úteis para a medicina."


Fonte: BBC

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