PREFEITO Edilardo Eufrásio, "cumprimenta" índio esculpido de pedra. Ele quer intensificar visitação no parque/A.C. ALVES
Ainda pouco explorado pelo turismo de aventura e ambiental, o Parque Furna dos Ossos exalta sua beleza natural
Localizada no semiárido do Sertão do Ceará, em uma área de 1.400 hectares que compreende a Serra da Catarina e a Serra do Macaco, o Parque Furna dos Ossos, uma área de assentados, neste Município, destaque-se pelos seus atrativos naturais.
O local dispõe de grutas impregnadas de história e misticismo, animais silvestres, formações rochosas. O bioma caatinga preservado motiva a imaginação dos visitantes.
O que antes era privilégio de Quixadá, que ficou conhecido por abrigar a Pedra da Galinha Choca, agora é orgulho também de Tejuçuoca.
O mais interessante é que a pedra que se assemelha a uma galinha "conversa" com a pedra que lembra o bode, figura respeitada na região, onde é considerado rei.
A imagem pode ser vista logo na entrada do parque que poderá se tornar Patrimônio Natural e Cultural da Humanidade, um reconhecimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Para isso, Elizeu Joca, uma espécie de "sabe tudo" do lugar, com o apoio do prefeito de Tejuçuoca, Edilardo Eufrásio, desenvolve um projeto para mostrar a importância da Furna dos Ossos para a humanidade.
Outras belas imagens podem ser vistas no local: a gruta da borboleta, a pedra do jacaré, a gruta do sino, a cabeça do índio, entre outras belezas.
Visita técnica
Na visita, os estudiosos fizeram uma viagem no tempo e a cada parada eram feitas anotações, coletas e fotografias, para elaborar o documento que dará início ao processo de tornar a Furna dos Ossos em um espaço de proteção ambiental, natural e cultural.
Rica em fauna e flora, a história remonta momentos memoráveis sobre a localidade. Dizem que, no começo do século, existia pela área de Irauçuba um coronel chamado Pedro Barroso Valente.
Quando o homem queria dar fim em um jagunço ou inimigo, a pedido de amigos, enviava essa pessoa para a Serra da Catarina, com um bilhete no bolso ordenando sua morte.
Como os jagunços não sabiam ler, pensavam que se tratava de uma carta de recomendação para trabalhar. Após o assassinato, o corpo era enterrado entre as grutas, daí surgiu o nome de Furna dos Ossos.
Lenda ou não, o certo é que a Serra da Catarina, a 10Km da sede de Tejuçuoca, virou atração para estudiosos, arqueólogos, universitários, turistas, historiadores e também local de romarias.
Os primeiros a pisarem na região foram os índios Tupinambás e, por último, os cangaceiros que faziam do lugar um refúgio contra a perseguição da polícia.
Pedras em forma de bicho
"Parece que a natureza escolheu o calcário e a região de Tejuçuoca para realizar belas esculturas. Lá, as rochas adquirem formas de bode, galinha, touro, pegadas de onça e até mesmo um perfeito rosto de um índio com mais de 20 metros de altura", observa Elizeu Joca.
Tejuçuoca abriga um dos mais fascinantes conjuntos geológicos do País. O nome vem da combinação de Tejuçu, um réptil típico da região, e de Oca, determinação indígena para casa, sendo Casa do Tejuçu.
A região é conhecida como Furna dos Ossos, pois dezenas de ossadas humanas eram depositadas ali desde o começo do século 20.
São os restos mortais de criminosos, cangaceiros e desafetos políticos que foram executados e deixados insepultos nas cavernas.
Aos poucos, a população local começou a dar um destino cristão aos ossos e, na medida em que eram enterrados, erguiam-se pequenos altares que hoje são motivos de peregrinação religiosa, onde está situado o Santuário de Nossa Senhora das Graças.
Local de descanso
O lugar torna-se ideal para o descanso físico e espiritual. No altar rústico repousa a imagem de Nossa Senhora Aparecida, também venerada pelos visitantes.
A paisagem cativa o ecoturista e convida-o a desbravá-la. Grutas como a do Veado Campeiro, do Sino, da Mesa, dos Ossos, do Jardim, do Macaco, do Amor, do Chico Lopes, o Mirante Arco de Deus, o Túnel do Amor e o Platô das Acauãs formam esse conjunto de obras criadas pela natureza.
Estalactites e estalagmites seculares redesenham na mente de quem visita o local animais e objetos petrificados.
Pedras que retratam bichos embelezam ainda mais o parque de Tejuçuoca. A galinha, a exemplo da de Quixadá, aqui, conversa com o bode, animal tido como rei na região
O clima quente lá de fora cede lugar ao friozinho das pedras. O sol penetra por pequenas fendas e ilumina o ambiente. Raízes cobrem as pedras nas furnas, permitindo escaladas aos mais aventureiros.
O Parque Furna dos Ossos é, sem dúvida, uma viagem no tempo. Quem não conhece precisa tirar um tempinho para ver de perto tudo que foi narrado.
"Desde que a comunidade passou a reconhecer a Serra da Catarina como ponto de atração turística, como a Furna dos Ossos e outras particularidades, muita coisa mudou no pensamento comunitário", assegura Elizeu Joca.
Fonte: Diário do Nordeste
A Gruta da Borboleta é um dos locais que reserva beleza e tranquilidade para os aventureiros que visitarem a Furna dos Ossos, no Município de Tejuçuoca. Local receberá projetos estruturais /AC
Para o estudioso das rochas neste Município, Elizeu Joca, a luta é para tornar a Furna dos Ossos em patrimônio histórico natural e cultural da humanidade e templo de orações.
Além disso, existe um projeto para construir o mirante do labirinto situado no topo do serrote, que permitirá uma visão panorâmica do local.
Além de se contemplar a natureza, no Platô das Acauãs, lá também é possível utilizar o serviço de telefonia celular.
Do local, pode-se manter contato com amigos em Canindé, Fortaleza e Santa Quitéria. "É belo observar a cidade do alto e poder sentir o quanto compensa enfrentar sol e calor até o ponto mais alto da Furna dos Ossos", observa o estudioso.
O prefeito de Tejuçuoca, Edilardo Eufrásio, disse que vai aprofundar os entendimentos com os assentados de Macacos e pedir apoio do Governo do Estado para tornar a região patrimônio histórico natural e cultural.
"Vamos buscar mecanismos para tornarmos essa riqueza natural um patrimônio da humanidade, porque entendemos ser uma maneira de mantermos preservada toda essa beleza que a natureza nos deu de presente", concluiu.
Para José Renato Santos Pinto, guia turístico da Prefeitura, entrar na Furna dos Ossos remete à ancestralidade.
"A formação de pedras, a mata, a paisagem nos aproxima ao modo de vida dos nossos ancestrais. Pisamos o mesmo chão onde viveram nossos parentes há 10 milhões de anos. A oportunidade de conectar com nosso passado remoto é uma forma concreta de reconectar com o real sentido da natureza. Como reencontrar a nossa relação primordial com a natureza sem passar pela nossa ancestralidade?", indaga.
De acordo com ele, "quando adentramos em um ambiente natural onde não percebemos rastros humanos, a calma, a harmonia e o equilíbrio nos transmitem a um profundo sentimento de paz. Porque será isso?".
Para ele, talvez tenha a ver com aquele sentimento de conexão ancestral adormecido. "A visita nos proporcionou um grande aprendizado. Resta-nos agora tratar a Mãe Natureza com o respeito e a dignidade que ela merece", ressalta Castro.
Acesso
Para chegar à Furna dos Ossos, o acesso é todo por asfalto bem sinalizado. Deve-se seguir pela BR-222 até a cidade de Croatá, entrar à esquerda na CE-341, no sentido do Município de Pentecoste.
Após a cidade de Apuiarés, estão as placas indicando Tejuçuoca, pela CE-253 ou pela BR-020, seguindo por Paramoti até General Sampaio pela CE-263, daí segue-se pela CE-168 até Tejuçuoca.
Em Tejuçuoca, a trilha começa no Parque de Exposição Joazão, em uma distância de 10 Km até o Assentamento Macacos.
A partir daí, basta colocar água na mochila, uma câmera fotográfica para registrar os encantos e disposição. (AC)
Fonte: Dário do Nordeste
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