segunda-feira, 30 de junho de 2008

PORTUGAL: MORADORES ASSUSTADOS COM FELINO


A população de São Pedro de Fins, Maia, continua muito preocupada e assustada com o felino de médio porte que anda à solta nas matas da freguesia há várias semanas. As autoridades realizaram na madrugada de ontem uma vasta operação em busca do animal ainda não identificado, mas nada foi encontrado.

Agora, GNR e Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) desvalorizam o caso, enquanto a população diz estar proibida de falar sobre o assunto. Mas a apreensão é evidente entre os moradores, que garantem que as marcas deixadas pelo felino são provas inequívocas de que "algo de estranho se passa".

"Vêm dizer que é um cavalo ou um cão. Pensam que somos parvos e não sabemos o que os animais são ou não capazes de fazer? Não conseguem enganar-nos", garantiu ontem, em jeito de desabafo, um morador, agastado com atentativa das autoridades de tranquilizar a população.

"Mandam-nos sair dos campos porque havia muito perigo, avisam-nos para termos cuidado à noite e com as crianças e agora, que ainda não encontraram nada, vêm dizer que não há perigo", disse outra habitante. "Estamos proibidos, por eles, de falar", repetiu a mulher.

Na madrugada de ontem as operações de busca da GNR e do ICNB mobilizaram muitos elementos, que apenas conseguiram encontrar um javali. Ainda foram disparados dois tiros, ao que apurámos na direcção do animal, mas o aparato desmobilizou ao início da manhã.

O povo está assustado, mas as autoridades no terreno vão deixar as vigias nocturnas – após duas tentativas frustadas. Amanhã serão colocadas armadilhas – tipo alçapão de caixa – sendo que a área florestal será interditada para se evitar acidentes.

Apesar da tentativa das autoridades em minimizar o caso, o sargento-chefe José Reis, do SEPNA de Matosinhos, confirmou que as buscas com homens armados, durante a madrugada de ontem, visavam localizar e capturar "um felino de grande porte".

"É DIFÍCIL PERCEBER O QUE PROCURAM": João Loureiro Responsável pela fiscalização do ICNB

Correio da Manhã – Pode descartar a cem por cento a possibilidade de ser um felino?

João Loureiro – Não posso afirmar com certeza absoluta que não é. Mas também pensamos que, como os primeiros relatos são do princípio do ano, se o animal tivesse de se manifestar com perigosidade já o teria feito. De grande porte não será com certeza.

– Pode tratar-se de um lince?

– É uma hipótese, mas apenas uma suposição. Como ainda ninguém viu nada, é difícil percebermos do que estamos à procura.

– Mas já avistaram algum animal suspeito?

– Apenas cães vadios. Até agora, apesar dos relatos e das marcas no terreno, não há mais nenhum indício.

– Mas as pegadas e as marcas nas árvores parecem ser de um animal maior do que um cão.

– As marcas não se coadunam com a de um felino porque as pegadas podem ser de um cão grande e as marcas nas árvores são contraditórias porque muitas delas são cruzadas e não de cima para baixo, como seria natural se estivesse a afiar as unhas .

– Estas situações são frequentes?

– Em dois anos tivemos quatro situações destas. Uma das quais o alerta de um felino solto entre Famalicão e a Maia. Apesar de não dizer que seja este o caso, a maior parte das vezes são falsos alarmes.

– Não se justificaria ter medidas de segurança mais rigorosas?

– Já foram feitas duas batidas nocturnas, que de nada adiantaram.O que vamos fazer agora é colocar umas armadilhas para tentar caçar o animal.

TIGRES À SOLTA NA AZAMBUJA

Ao longo dos anos têm sido vários os casos de felinos à solta a levar o pânico às populações. O mais recente ocorreu a 30 de Janeiro, quando dois tigres conseguiram fugir de uma viatura do Circo Chen, na Azambuja, distrito de Lisboa.

A fuga mobilizou dezenas de pessoas numa busca, entre funcionários do circo, GNR, bombeiros, Protecção Civil, Instituto de Conservação da Natureza e Jardim Zoológico de Lisboa. A busca demorou cinco horas – com a EN3, entre a Azambuja e o Cartaxo – fechada por segurança. Um dos felino, um macho, foi capturado sem grandes dificuldades, mas o outro, uma fêmea, só foi recolhida após ter sido alvejada com um dardo tranquilizante.

Um caso similar ao ocorrido em S. Pedro de Fins verificou-se em Rio Maior, no ano de 1973. Relatos de testemunhas indicavam que um leão andava à solta na zona, mas nenhuma imagem do felino chegou a ser capturada pelas câmaras, num caso que ficou célebre.

BUSCAS À NOITE

SEGUNDA TENTATIVA

Na madrugada de ontem o ‘CM’ acompanhou a segunda tentativa de apanhar o felino, que teve resultados nulos.

TREZE HOMENS

Os treze homens do SEPNAe do ICNB bateram três campos agrícolas e florestais numa área de cinco quilómetros. Havia a suspeita de que o felino pudesse andar por vários locais.

TIROS

Foram ouvidos vários disparos mas só dois na direcção de um javali que estava ao pé do ribeiro, onde se suspeita que o felino beba água.

VIGIA

A entrada da leitaria e junto ao ribeiro foram os locais mais vigiados pelas autoridades.

Fonte: Correio da Manhã

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