quarta-feira, 25 de junho de 2008

Sapo mantém suas garras escondidas até que sejam necessárias


David C. Blackburn, um biólogo evolucionário de Harvard que estuda sapos, sabia haver algo diferente no espécime encontrado certo dia enquanto ele fazia trabalho de campo na República dos Camarões. De forma nada surpreendente, o sapo esperneou quando foi segurado. Mas então Blackburn percebeu que seu braço havia sido arranhado. “Ganhei um arranhão realmente horrível”, diz ele.

Um sapo com garras? De volta a Harvard, Blackburn e colegas consultaram a literatura, examinaram espécimes de museus e perceberam algo ainda mais incomum: as garras do sapo de Camarões, e de alguns sapos parentes da mesma região, são normalmente guardadas dentro dos dedos, mas pulam para fora da pele quando necessário.

A estranha parte de anatomia apareceu em um artigo há mais de um século, mas foi pouco comentada desde então. “Nós percebemos que isto era algo realmente estranho e bastante mal explorado”, diz Blackburn.

Pela dissecação, os pesquisadores descobriram que a garra é o último osso do dedo — afiada, pequena e curvada, e ligada a um nódulo ósseo ainda menor que, por sua vez, é ligado a um revestimento de colágeno. Quando o sapo flexiona determinado tendão, o osso é empurrado pelo nódulo e fura a pele. A anatomia é descrita em um artigo em Biology Letters.

Os pesquisadores acham que em algum momento a garra retorna para dentro do pé e a pele se cura. “É realmente um ferimento traumático,” diz Blackburn, e por essa razão ele acha que o sapo não externa suas garras freqüentemente — provavelmente apenas quando ameaçado.

Mas tão pouco é conhecido sobre esses sapos que os pesquisadores nem mesmo sabem ao certo o que os ameaça — além dos nativos de Camarões, que os comem e sabem o suficiente sobre as garras, pois desenvolveram um longo arpão especialmente para pegá-los sem sofrer arranhões.

Fonte: Último Segundo

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