E não podia ser num lugar mais impressionante: o campus de uma universidade de Minas Gerais.
"É claro que a gente ficou muito surpreso", declarou ao G1 Rodrigo Feitosa, doutorando do Museu de Zoologia da USP e um dos autores do artigo científico que anuncia a redescoberta do bicho. "Ainda mais por achar a espécie num campus de universidade, numa área degradada, aberta, que estava sendo usada para experimentos.
" O pedaço de terra em questão é um fragmento de floresta na Universidade Federal de Viçosa, que passou por um incêndio há nove anos e só agora está se recuperando. Os exemplares de Simopelta minima foram capturados com uma armadilha no subsolo.
Antes disso, a espécie só tinha sido vista uma vez, em 1986, numa velha plantação de cacau sombreado (com árvores de outras espécies) de Ilhéus (BA).
"Era um habitat muito diferente, de mata fechada, com pouca iluminação e serrapilheira [camada de folhas no solo] muito densa", diz Feitosa.
A plantação acabou sendo eliminada, e o fato de nenhum outro levantamento ter achado exemplares de S. minima levou o Ministério do Meio Ambiente a declarar que a espécie estava extinta.
Todos tinham tanta certeza desse desaparecimento, aliás, que no começo nem os pesquisadores que assinam o novo estudo eram capazes de acreditar na redescoberta.
"Os colegas meus que coletaram os espécimes chegaram a identificar as formigas como Simopelta minima, mas inicialmente mudaram de idéia porque acreditavam que o bicho estava extinto", diz Feitosa, referindo-se a Fernando Augusto Schmidt e Ricardo Ribeiro de Castro Solar, da Universidade Federal de Viçosa.
Pequena bárbara
Apesar do tamanho -- menos de 2,5 mm --, a S. minima provavelmente são um bocado temidas por outras formigas. Isso porque as espécies do gênero Simopelta normalmente são nômades guerreiras, que vivem de invadir e saquear o ninho de outras formigas.
"Elas viajam o tempo todo e devoram os ovos e indivíduos jovens dos formigueiros que invadem", explica Feitosa. "Ocasionalmente, podem ocupar troncos de árvore, por exemplo."
Os hábitos nômades, mais o fato de eles passarem quase o tempo todo debaixo da terra, dificulta o estudo da biologia e dos hábitos dessas formigas.
De qualquer maneira, o pesquisador da USP diz que é provável que outras espécies muito raras de formiga, as quais parecem correr risco de extinção, são apenas muito crípticas, ou seja, difíceis de achar, por causa de seus hábitos.
"Estudá-las em laboratório seria muito difícil justamente por causa do nomadismo, precisaríamos de uma estrutura enorme. Para conhecê-las melhor, são necessários mais estudos de campo mesmo", afirma ele.
A pesquisa foi publicada no períodico científico "Revista Brasileira de Entomologia".
Fonte: G1
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