Foram cinco ataques entre 19 de fevereiro e 19 de março deste ano, todos à noite. A suspeita é que tenham sido provocados por uma onça parda.
Pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos
Agronegócios (Apta) paralisaram pesquisa de cinco anos depois que um
felino ainda não identificado matou 35 ovelhas na Fazenda Experimental
onde as pesquisas eram realizadas, em Presidente Prudente, interior de
São Paulo. Especialistas acreditam que as mortes possam ter sido
motivadas por uma onça parda com filhotes.
Foram cinco ataques entre 19 de fevereiro e 19 de março
deste ano, todos à noite. Por conta deles, os pesquisadores decidiram
vender as ovelhas e paralisar as pesquisas.
Nesta segunda-feira, eles
entregaram os últimos 63 animais do rebanho que era usado em duas
pesquisas, uma sobre a pastagem consumida e outra sobre a sanidade
desses animais.
"Estou enterrando cinco anos de pesquisa", disse a
zootecnista e pesquisadora da Apta, Andréia Luciane Moreira.
Ela usava
os animais na pesquisa "Avaliação de Pastagem no capim Panicun". Outro
estudo, sobre verminose e parasitas das ovelhas, também era feito com o
uso dos animais por um dos veterinários da Apta, que também avaliava o
melhoramento genético das ovelhas.
Segundo Andreia, a Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (Fapesp) investiu R$ 106 mil na construção da
infraestrutura, como os currais, para viabilizar as pesquisas. As 63
cabeças do rebanho foram vendidas em regime de urgência por R$ 50 mil.
No primeiro ataque, em 19 de fevereiro, foram mortos 11
animais; e no último, em 19 de março, nove. Segundo ela, durante os
ataques, foram feitas tentativas de se evitar a aproximação do predador.
Uma delas foi a mudança no manejo das ovelhas. "A gente passou a
recolher os animais, que dormiam no campo, e a colocá-los nos currais,
que também foram iluminados, mas mesmo assim, os ataques continuaram",
contou ela.
Mas a medida permitiu aos pesquisadores filmarem um dos
ataques, de um felino adulto, possivelmente uma onça parda, contra uma
ovelha que estava no curral.
Os pesquisadores e a Polícia Ambiental
encontraram pegadas que seriam de um animal adulto e dois filhotes ou de
dois adultos e um filhote.
"O que a gente percebeu é que o predador ou
predadores deixaram muita carne. Não sabemos, mas pode ser que eles
estejam ensinando filhotes a se alimentar", diz.
O professor de zoologia Carlos Amargo Alberts, do campus
da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Assis (SP), disse que os
felinos podem mesmo desperdiçar alimentos quando percebem abundância de
caça.
Segundo ele, os ataques de felinos não são raros no
interior de São Paulo, onde a legislação de proteção das reservas
permanentes e das matas de propriedades rurais favoreceu o ambiente para
melhor reprodução dos animais nos últimos 15 anos.
E a preservação das
matas permitiu que eles passassem a se locomover com mais facilidade.
"Entretanto, o problema é que não houve, no mesmo ritmo, aumento das
caças para esses animais, então eles passam a atacar os rebanhos
produzidos pelo homem", diz.
Famílias têm medo
Outra preocupação é com a proximidade da Fazenda
Experimental com a Cidade da Criança, um parque com uma grande mata, um
pequeno zoológico, um parque aquático e brinquedos infantis, onde pais
levam os filhos para se divertirem.
Alguns pais dizem que se preocupam que seus filhos sejam
os novos alvos dos ataques. “Isso seria muito raro de acontecer, mas
nunca podemos descartar”, diz Alberts.
Segundo ele, é possível que, sem
encontrar animais para caçar, os predadores possam atacar as espécies do
zoológico e, numa hipótese bem rara, algum ser humano.
Fonte: Terra
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