Pesquisa realizada com o genoma de 255 pessoas do Egito e da Etiópia derruba a teoria de que a migração teria acontecido por este último país.
Um estudo publicado na quinta-feira 28 no site do periódico
científico "American Journal of Human Genetics" sugere que os primeiros
humanos modernos migraram da África para a Europa pelo Norte do
continente, passando pela região que hoje é o Egito — e não pela região
mais ao Sul, atual Etiópia, conforme outra teoria indicava. A conclusão
foi possível graças a análises genéticas realizadas na atual população
dos dois países.
— A consequência mais excitante dos nossos resultados é descobrir o
véu que estava escondendo um episódio importante da história de todos os
eurasianos, melhorando a compreensão de bilhões de pessoas da sua
história evolucionária — afirmou Luca Pagani, da Universidade de
Cambridge e do "Wellcome Trust Sanger Institute", e primeiro autor do
estudo. — É excitante que, na nossa era genômica, o DNA das pessoas
vivas nos permite explorar e entender eventos com os nossos antepassados
há 60 mil anos atrás.
A equipe do pesquisador mapeou o genoma de 255 pessoas do Egito e da
Etiópia. Estudos anteriores mostraram que essas populações modernas
foram objeto de fluxo genético de populações da Ásia Ocidental, então
eles excluíram a contribuição da Eurásia para os genomas da população
moderna africana.
Os genomas mascarados restantes da região egípcia se mostraram mais
semelhantes a amostras não africanas, e presentes em maior frequência
fora da África do que os genomas mascarados das regiões etiópicas. Isso
indica que o Egito possui maior probabilidade de ser a rota da expansão
dos primeiros humanos modernos para o resto do mundo.
No estudo também foram usados genomas de alta qualidade para estimar
quando as populações se dividiram uma da outra: as pessoas fora da
África se separaram do genoma egípcio mais recentemente do que do etíope
— há 55 mil anos atrás, ao invés de há 65 mil. Esse dado comprova a
ideia de que o Egito foi a última parada no caminho para a rota fora da
África.
— Enquanto nossos resultados não respondem às controvérsias a
respeito das complexidades da expansão para fora da África, eles
delineiam um claro panorama em que a principal migração para fora da
África se deu pelo Norte, ao invés da rota ao Sul — afirma Toomas
Kivisild, do Departamento de Arqueologia e Antropologia da Universidade
de Cambridge, e um dos autores do estudo.
A pesquisa ainda deixa algumas questões em aberto, como se houve
outras migrações do continente africano há cerca de 55 mil anos que não
deixaram rastros genéticos atuais.
O vasto catálogo público da diversidade genética das populações
egípcia e etíope criado para o projeto também oferece valiosas
informações para futuros estudos médicos e antropológicos.
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