Oficiais do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, com sede em Parnamirim (RN), foram a Icapuí buscar o drone (Foto: TALITA ROCHA)
O objeto encontrado em Icapuí é um alvo aéreo usado pelas forças armadas e não é produzido no Brasil como antecipou O POVO ontem. Oficiais da Barreira do Inferno, no Rio Grande do Norte, foram à cidade buscar o objeto para estudá-lo.
O equipamento encontrado na praia do Icapuí já está identificado. Trata-se de um drone, um tipo de aeronave não-tripulada usada como alvo aéreo móvel pelas forças armadas.
A hipótese, dada como a mais provável até então, foi levantada ontem por O POVO, que noticiou o caso na terça-feira com exclusividade. A certeza da identificação foi dada pela assessoria da EADS, o consórcio europeu que fabrica o objeto.
Na manhã de ontem, cinco oficiais do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, com sede em Parnamirim (RN), foram a Icapuí buscar o drone e levá-lo para ser analisado pelo órgão.
Os cinco homens chegaram em um veículo modelo Doblò. O inusitado é que o carro não tinha condições de transportar o equipamento, que mede cerca de 3 metros de comprimento. Um outro veículo, desta vez um caminhão, foi solicitado para ir do Rio Grande do Norte a Icapuí buscar o drone.
Os homens da Força Aérea de Natal chegaram cedo à cidade de Icapuí e tiveram de esperar até que o caminhão chegasse, à tarde. Fardados, alguns portando coletes à prova de bala e pistolas, eles informaram que levariam o equipamento para ser estudado, mas não aceitaram ser identificados pela imprensa. O caminhão que levou o drone chegou por volta das 15h30min.
A assessoria da EADS, que fabrica o drone, afirmou que a empresa está investigando o caso a fim de saber para qual país o artefato encontrado foi vendido. Ainda falta ser esclarecido como o drone chegou à costa cearense e de que missão ele participava.
É certo também que o UAV, ou Veículo Aéreo Não-tripulado (Unmanned Aerial Vehicle, em inglês), é movido por um tipo de controle remoto mais sofisticado. O modelo achado em Icapuí não carrega nenhum tipo de equipamento de observação.
Na praia de Barreiras, onde estava o drone, as histórias são muitas. Com o objeto exposto em um banco, não parava de chegar gente curiosa para tocar, observar, fotografar e saber mais. O equipamento foi encontrado no dia 24 de dezembro do ano passado.
“No fim do ano, chamou muito a atenção, principalmente dos turistas que vieram pra cá. O pessoal que veio passar o Réveillon vinha bater foto. Era todo mundo animado”, conta o pescador Carlos Antônio Alves da Costa. Ele trabalha há 15 anos no mar e nunca tinha achado nada parecido.
Francisco Xavier, que mora perto de onde o drone estava exposto, disse que os pescadores chegaram até a cogitar usar o objeto como “enfeite” da praia. Pensaram em colocar pendurado em duas palhas de carnaúba para chamar a atenção dos turistas.
Mas não colocaram a ideia em prática. A movimentação ontem, no distrito de Barreiras, em Icapuí, ficou por conta da presença dos militares. “Agora, acabou a novidade”, lamentou um pescador.
SAIBA MAIS
O Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) é um órgão ligado à Força Aérea Brasileira e funciona como um centro tecnológico da Aeronáutica.
Lá, são feitas atividades de lançamento e rastreio de peças aeroespaciais, como lançamento de foguetes. Segundo o site oficial do órgão (www.clbi.cta.br), também é missão da Barreira do Inferno “executar os testes e experimentos de interesse da Aeronáutica, relacionados com a Política da Aeronáutica para Pesquisa e Desenvolvimento e com a Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais”.
EADS é a sigla em inglês do consórcio europeu responsável por fabricar o drone, usado pelas forças armadas, encontrado em Icapuí.
E-Mais
Quando os oficiais da Barreira do Inferno chegaram, eles tentaram impedir que as pessoas tocassem no drone, o que deixou alguns insatisfeitos. Era para evitar danos ao equipamento, alegaram os militares. “Se a gente quisesse, tinha feito o que quisesse com esse objeto”, citou um pescador.
Os militares ficaram esperando até as 15h30min, hora em que o caminhão chegou para transportar o drone. Enquanto isso, eles aguardavam embaixo de uma barraca, em frente ao banco onde o equipamento estava. Uns deitaram-se em redes. Outros jogavam sentados.
Logo que o drone foi encontrado, contam os pescadores, um estrangeiro que mora na praia de Barreiras havia corrido dali com o filho.
Ele teria ficado com medo de que fosse uma bomba e disse que iria embora do lugar. Até ontem, ele ainda estava lá.
Fonte: O Povo
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