No passado, os pesquisadores sugeriram que o dragão de Komodo (Varanus komodoensis) evoluiu de um antepassado menor das isoladas ilhas indonésias, alcançando seu grande tamanho, como resposta à falta de concorrência de outros predadores, como o especialista em caçar elefantes pigmeus conhecido como Stegodon.
No entanto, nos últimos três anos, uma equipe internacional de cientistas descobriu numerosos fósseis na Austrália Oriental datados de 300.000 anos e 4 milhões de anos, que pertencem ao dragão de Komodo.
"Quando comparamos estes fósseis com ossos de dragões atuais descobrimos que eram idênticos", disse o pesquisador Scott Hocknull, um paleontólogo de vertebrados do Museu de Queensland, na Austrália.
Nos últimos 4 milhões de anos, a Austrália foi o habitat dos maiores lagartos do mundo, incluindo o gigante de 5 metros chamado Megalania, o maior lagarto terrestre do mundo, que desapareceu a cerca de 40.000 anos atrás.
"Agora podemos dizer que a Austrália foi também o berço do dragão de Komodo de 3 metros", disse Hocknull.
Os pesquisadores disseram que o ancestral do dragão de Komodo provavelmente evoluiu na Austrália e se espalhou para o oeste, atingindo a ilha indonésia de Flores há 900.000 anos atrás.
Comparações entre os fósseis e dragões de Komodo de Flores mostra que o tamanho do lagarto manteve-se relativamente estável desde então.
Um apoio adicional para a noção de dispersão da Austrália veio da ilha de Timor, localizada entre a Austrália e Flores.
Três amostras de fósseis de Timor são de uma nova espécie ainda não identificada de lagarto gigante, que foi maior do que o dragão de Komodo, embora menor do que o Megalania.
Mais espécimes do novo lagarto gigante são necessários antes que a espécie possa ser descrita formalmente.
"Há um monte de coisas que nós simplesmente não sabemos sobre esta parte do mundo, a Indonésia e a Austrália", disse Hocknull a LiveScience.
"Nos últimos anos essa região tem proporcionado descobertas notáveis - uma nova espécie de hominídeo, o "Mundo Perdido" da Nova Guiné onde foram encontradas novas espécies que nunca tiveram contato com os seres humanos e, agora, uma cadeia de ilhas de lagartos gigantes, incluindo o maior de todos eles, o Megalania da Austrália.
No entanto, todos eles estão extintos, exceto o dragão de Komodo. A grande pergunta agora é, por quê? O sudeste asiático e a região da Austrália é um ponto quente de novas e emocionantes descobertas . "
Todos estes lagartos enormes foram comuns na Austrália por mais de 3,8 milhões de anos, tendo evoluído ao lado de grandes mamíferos carnívoros, como o Thylacoleo, o chamado "leão marsupial.
O dragão de Komodo é o último desses gigantes, mas nos últimos 2.000 anos, suas populações diminuíram seriamente, provavelmente devido aos seres humanos, e agora eles estão vulneráveis à extinção, vivem agora em apenas algumas ilhas isoladas no leste da Indonésia, entre Java e a Austrália.
"Compreender a história de uma espécie é absolutamente fundamental para determinar a sua potencial trajetória no futuro, as suas respostas às mudanças climáticas, mudanças de habitat e eventos de extinção", disse Hocknull.
"O registro fóssil do dragão de Komodo demonstra que é uma espécie resistente - resistente a grandes mudanças climáticas em todo o seu passado, sobrevivendo a eventos de extinção que eliminaram espécies contemporâneas da megafauna."
Uma questão que surge agora é porque o dragão de Komodo foi extinto na Austrália, enquanto sobreviveu em algumas ilhas indonésias.
Hocknull notou que o clima é um suspeito improvável, " o impacto climático afeta pouco a espécie em uma ilha como a Austrália, grande como um continente.
Na Austrália, há uma abundância de habitats que poderiam ser favoráveis aos dragões de Komodo. Se os libertarmos na Austrália hoje, eles provavelmente ficariam muito bem. "
Estariam os seres humanos envolvidos? "Nós não temos nenhuma evidência disso porque os fósseis mais recentes dos dragões de Komodo na Austrália tem cerca de 300.000 anos, bem antes de os seres humanos chegarem.
Então, nós não sabemos se os dragões de Komodo na Austrália, morreram antes ou depois da chegada dos seres humanos. Portanto, a dúvida permanecerá sobre esta questão até ser encontrado um registro fóssil melhor . "
Hocknull observa que estas ilhas de lagartos são cada uma, num certo sentido, experiências individuais de evolução que esclarecem não só o passado destes lagartos, mas potencialmente também o futuro do mundo.
"É um lugar perfeito para ver como a vida se adapta e se desenvolve em resposta aos grandes impactos ambientais, como a mudança do nível do mar, mudanças climáticas, catástrofes, tsunamis e erupções vulcânicas, e cada ilha tem recebido seres humanos modernos em um momento ou outro", explicou .
"Qual foi o seu impacto e como afetou as espécies? Esta será a nossa Pedra de Rosetta para compreender como as espécies responderão à mudança climática do futuro."
Fonte: Live Science
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