Novas observações indicam que o asteroide Lutécia é um fragmento que restou da matéria original que formou a Terra, Vênus e Mercúrio.
A descoberta, divulgada nesta sexta-feira (11), foi feita graças a dados obtidos por telescópios da Agência Espacial Europeia, do Observatório Europeu do Sul e da Nasa (agência espacial norte-americana).
Os astrônomos descobriram que as propriedades do asteroide são muito similares às de um tipo raro de meteoritos encontrados na Terra, que teriam sido formados nas regiões interiores do Sistema Solar.
Lutécia provavelmente se deslocou no passado para a sua órbita atual, no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter.
Uma equipe de astrônomos de universidades francesas e norte-americanas estudou Lutécia detalhadamente num grande intervalo de comprimentos de onda, com o intuito de determinar a sua composição.
Com dados de diferentes telescopios, foi possível obter o espectro mais completo já construído para um asteroide.
Comparação
O espectro foi comparado ao de meteoritos encontrados na Terra que têm sido estudados em laboratório.
Apenas um tipo de meteorito - conhecido como condritos do tipo E - apresenta propriedades semelhantes a Lutécia em todos os comprimentos de onda estudados.
Os condritos do tipo E são conhecidos por conterem material que data dos primórdios do Sistema Solar.
Estima-se que eles tenham se formado perto do Sol e constituído o principal material de construção dos planetas rochosos, em particular Terra, Vênus, e Mercúrio. Lutécia parece ter se originado de uma região muito mais próxima do Sol.
Os astrônomos estimaram que, dos corpos situados na região onde a Terra se formou, apenas menos de 2% chegaram ao cinturão de asteroides principal.
A maioria dos corpos desapareceu depois de alguns milhões de anos, tendo sido incorporada aos planetas em formação.
No entanto, os maiores, com diâmetros de cerca de 100 quilômetros ou mais, foram lançados para órbitas mais seguras, mais longe do Sol.
Lutécia, que tem uma dimensão de cerca de 100 quilômetros, pode ter sido ejetado para fora das regiões interiores do Sistema Solar, caso tenha passado próximo de um dos planetas rochosos, capazes de alterar drasticamente a sua órbita. Um encontro com Júpiter poderia justificar a grande variação de órbita de Lutécia, por exemplo.
Alvo para missões futuras
Estudos anteriores das propriedades de cor e superfície deste asteroide mostraram que Lutécia é um membro peculiar da cinturão de asteroides.
Objetos desse tipo são muito raros e representam menos de 1% da população de asteroides do cinturão principal.
Os novos resultados explicam porque Lutécia é diferente - é um sobrevivente muito raro do material original que formou os planetas rochosos.
O astrônomo Pierre Vernazza, um dos líderes do estudo, explica que asteroides como o Lutécia são alvos ideais para missões futuras para recolhimento de amostras.
Segundo ele, isso vai ajudar os astrônomos a estudar detalhadamente a origem dos planetas rochosos como a Terra.
Fonte: UOL
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