À direita, de camisa polo e calça jeans, o empresário Allan Kardec
Cardoso Lessa exibe osso pré-histórico que encontrou em Vitória da
Conquista Foto: Allan Kardec Cardoso Lessa/vc repórter
Um empresário pode ser o responsável pelo 'descobrimento' de um sítio
paleontológico de mais de 50 mil m² no interior de Vitória da
Conquista, sudoeste da Bahia. No lugar, garante ter encontrado dezenas
de ossadas de mamíferos pré-históricos. Até tirou fotos com uma peça que
parece ser o pedaço do fêmur de um deles, de mais de 20 kg.
Allan Kardec Cardoso Lessa, 48 anos, é um 'curioso', como ele
mesmo se define, fascinado por ciência e estudioso do assunto.
Um de
seus funcionários, o tratorista Tico, sabe disso e foi correndo contar
para o chefe
quando encontrou o que parecia ser uma ossada animal gigante, na semana
passada. Tico trabalhava com uma retroescavadeira em uma propriedade da
região de Planalto da Conquista no momento da 'descoberta'.
Os moradores da área, no entanto, sempre consideraram os fósseis
no local um fato 'comum', já que cresceram em contato com as ossadas -
que agora podem ser identificadas como um raro material paleontológico.
"O pessoal conta que tinha uma senhora que usava um desses ossos, bem grande, para estender roupas para secar", garantiu Kardec.
Para preservar o material, assim que viu - e carregou - o pedaço
de osso, Kardec tratou de ligar para o Museu Geológico da Bahia, com
sede em Salvador.
"Como tem muita gente que vive na região, achei que o
melhor seria avisar o museu imediatamente, para que não houvesse nenhum
prejuízo ao material", disse o empresário, que se aventurou em
diagnosticar a idade dos fósseis: entre 10 e 20 mil anos.
Respondendo ao chamado, o museu prometeu empenhar uma equipe
nesta semana ao suposto sítio paleontológico para verificar se a certeza
de Kardec será validada também pela ótica da ciência.
No grupo, formado
por oito pessoas, estará a professora especialista Rita de Cássia Anjos
Bittencourt, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB),
que se mostrou bastante animada com os relatos de Kardec.
"Se, de fato,
forem dezenas e dezenas de ossadas, como o senhor Allan conta, será uma
grande adição à paleontologia do nosso Estado".
A professora acredita
que os ossos sejam de mamíferos gigantes, como mastodontes, preguiças,
tatus e cavalos, que habitaram a Terra no período pleistocênico (entre 2
milhões e 500 mil anos e 11 mil e 700 anos atrás).
Ela antecipou ao Terra um pouco do que será feito durante a
visita dos paleontólogos, agendada para quinta-feira.
"O primeiro
trabalho é de conversa com os moradores. Temos de conscientizá-los do
que estamos fazendo lá e da importância daqueles ossos para que
recontemos a história do País e do mundo. Em seguida, faremos um estudo,
um diagnóstico da área. Ainda não temos noção do que vai ser, mas
pretendemos marcar outras datas para a coleta e o estudo do material
fossilífero", explicou.
O sítio paleontológico de Conquista será o 9º no Estado, uma vez
confirmado. A Bahia, de acordo com a professora, está avançando nos
estudos paleontológicos, mas ainda dá os primeiros passos, com
especialistas atuando na região há pouco mais de 20 anos.
Fonte: Terra
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