Na manhã do último domingo, o fotógrafo Antonio Carlos de Barros de
Carvalho, de 67 anos, dirigiu até a Rua Paula Buarque, no bairro Parque
São Vicente, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, como faz todos os
dias em busca de imagens de insetos e pássaros.
Mas uma onça acabou
tornando-se a protagonista da sessão de fotos daquele dia. O animal foi
visto por Antônio por volta de 9h38, próximo à descida da trilha de
acesso à rampa de voo que existe no bairro.
Publicada no Facebook,
a imagem já foi compartilhada mais de 1.500 vezes. Dedicando-se à
fotografia há doze anos, Antonio brinca com a repercussão do registro.
—
Nunca pensei que ser amigo da onça fosse me trazer tantos pedidos de
amizade. Parece que isso é bom, embora sempre achei que não fosse —
divertiu-se o engenheiro eletrônico aposentado.
A paixão por
fotografar animais levou Antonio a adquirir uma curiosidade natural
pelas espécies. Depois de flagrar a onça, ele correu para a internet e
para os livros para identificar o animal. Segundo ele, o animal seria da
espécie puma concolor, conhecida no Brasil como “Suçuarana” , e
que não representa risco aos humanos. Mas assume que ao avistar a onça
fechou os vidros do carro.
— Se fosse hoje, eu teria ficado
tranquilamente fora do carro. Mas ontem eu fechei imediatamente o vidro
do carro. Apesar de ter sido destemido na minha infância, não tenho mais
tanta coragem. Só depois fiquei sabendo que não tem tanto perigo —
contou o fotógrafo, de forma bem-humorada.
A preocupação do aposentado é que casos como este voltem a se repetir
com mais frequência. Um mapa feito por Antonio mostra que o local onde a
onça apareceu é bem perto de um condomínio de casas.
As queimadas na mata de Petrópolis são um dos motivos apontados por Antônio como responsável pela aproximação da onça.
—
Existem muitas queimadas na região e também há explosões para
construção da Nova Rio-Petrópolis, gerando muito movimento na estrada,
que acaba enxotando os bichos aqui pro alto.
A reportagem entrou
em contato com a equipe da Área de Proteção Ambiental de Petrópolis
(APA), mas eles não puderam antender. De acordo com Antonio, um
funcionário já teria lhe procurado para ir até o local em que a onça foi
vista.
Nativa da região
O biólogo especialista em
mamíferos Carlos Esberard, do Instituto de Biologia do Departamento de
Biologia Animal da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ),
afirmou que a onça é mesmo uma suçuaruna, que é nativa da região.
-
Ela é natural de toda Mata Atlântica, ocorre em todos os ambientes do
Brasil, do Rio Grande do Sul ao Acre. Ela também está presente em quase
todo território do continente americano, até o sul do Canadá.
A
recomendação é que os moradores, caso avistem o animal novamente, não
tentem capturá-lo ou se aproximar. Ele não oferece riscos aos humanos.
-
Na verdade, esse ambiente já era dela. Nós que construímos casas ali.
Ela deve ter saído por causa da ausência de presas no momento, ou até
pela própria seca na mata, que está maior que nos outros anos. Elas
migram muito nesta epoca, é mais frequente. Os moradores não devem
tentar se aproximar, pois ela se assusta com facilidade. O cachorro
latindo já é uma boa segurança. Ela pode causar um certo prejuizo
predando galinhas ou pequenos animais domésticos. Mas provavelmente ela
já deve ter voltado para a mata, onde se sente mais protegida -
explicou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário