quinta-feira, 4 de junho de 2015

Maioria dos homens europeus atuais descende de uns poucos ancestrais

Reprodução atual de uma casa da Idade do Bronze na região de Cambridgeshire, no Leste da Inglaterra: mudanças culturais, sociais e tecnológicas da época podem ter contribuído para a prevalência atual de apenas algumas linhagens masculinas - Divulgação/Universidade de Leicester
 
 
Estudo indica que 64% deles estão ligados a três linhagens paternais recentes na História do continente.


A maioria dos atuais homens europeus descende de alguns poucos ancestrais masculinos da Idade do Bronze que espalharam seus genes em uma explosão demográfica entre 4 mil e 2 mil anos atrás. 
 
 
A conclusão é de análise do DNA de partes do cromossomo Y, exclusivo dos homens, passadas só de pais para filhos, de 334 indivíduos pertencentes a 17 populações europeias e do Oriente Médio de hoje. 
 
 
Com base nos dados genômicos e usando novos métodos para avaliar variações no DNA e melhor estimar a época da ocorrência de eventos populacionais, cientistas da Universidade de Leicester, no Reino Unido, puderam montar uma árvore genealógica dos atuais homens europeus e revelaram que quase dois em cada três deles, ou 64%, são herdeiros de apenas três linhagens relativamente recentes na História da ocupação do continente e frutos de um forte aumento na população masculina em uma longa faixa de terra entre os Bálcãs e as Ilhas Britânicas, talvez resultado das mudanças culturais, sociais e tecnológicas de então.


- Esta expansão da população coincide com a Idade do Bronze, que envolveu alterações nas práticas funerárias, o domínio da cavalaria e avanços na fabricação de armas – diz Mark Jobling, professor do Departamento de Genética da universidade britânica e líder da pesquisa, publicada na edição desta terça-feira da revista “Nature Communications”. - Machos dominantes ligados a estas culturas podem ser os responsáveis pelos padrões nos cromossomos Y que vemos hoje.


Os achados do estudo, no entanto, estão em conflito com pesquisas anteriores que se focaram na contribuição das migrações dos antigos caçadores-coletores do Paleolítico e dos mais modernos fazendeiros e pastores do Neolítico na formação das atuais populações europeias. 


Segundo os cientistas, duas das três principais linhagens masculinas vistas hoje na Europa, batizadas R1a e R1b, estavam presentes nas estepes da Eurásia antes, o que indica que tiveram origem nesta região.


Já estudos com base no DNA mitocondrial, passado apenas pelas mães à sua prole, sugerem uma grande mudança na genética demográfica do continente, com as populações de agricultores e criadores substituindo as dos extrativistas, por volta de 7,5 mil anos atrás.


- Dada a complexidade cultural da Idade do Bronze, é difícil ligar um evento particular ao crescimento da população (masculina) que inferimos – reconhece Jobling. - Mas o DNA do cromossomo Y de restos de esqueletos antigos está se tornando disponível, e isto vai nos ajudar a entender melhor o que aconteceu e quando.




Fonte: O Globo

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