A prática de canibalismo em uma tribo da Papua Nova Guiné poderia ser
responsável pela disseminação de uma doença cerebral fatal, chamada
kuru, que causou uma epidemia devastadora no povo Fore.
Recentemente,
porém, pesquisadores identificaram que alguns membros da tribo carregam
um gene que parece exercer uma proteção contra essa doença, que é
classificada como "doença de príon", como a vaca louca.
As descobertas podem ajudar os pesquisadores a entender melhor o
desenvolvimento dessas doenças cerebrais fatais ao mesmo tempo
desenvolver tratamentos, dizem os pesquisadores da University College
London.
O povo Fore tinha o costume de realizar um ritual fúnebre em que era
consumido o cérebro humano. No início do século 20, os membros da tribo
começaram a desenvolver kuru, uma doença neurológica causada por príons
infecciosos, que são proteínas que se enovelam de forma anormal e formam
lesões no cérebro. Este foi o início de uma epidemia entre o povo Fore,
que, no seu auge, na década de 1950, matou até 2% a cada ano.
A tribo parou de praticar canibalismo no final dos anos 1950, o que
levou a um declínio no kuru. Mas como a doença pode levar muitos anos
para aparecer e muitos casos surgiram ao longo de décadas.
Recentemente, pesquisadores descobriram que algumas das pessoas que
sobreviveram à epidemia kuru carregam uma mutação genética chamada V127,
enquanto os que desenvolveram a doença não a possuem. Isso levou os
pesquisadores a suspeitar que o V127 conferiu proteção contra a doença,
fato que depois foi comprovado com testes em ratos.
Os pesquisadores ressaltam que o fim da prática do canibalismo não
teria conduzido diretamente a uma resistência ao kuru.
Pelo contrário,
esta mutação já era possivelmente presente na população antes da
epidemia, mas tornou-se muito mais comum quando foi obtida uma vantagem
genética - isto é, as pessoas com a mutação foram capazes de sobreviver
ao kuru. Ou seja, são essas as características genéticas que formam a
base da evolução.
Fonte: History
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