Miguel Vargas, funcionário do Sweetwater, diz ter visto o fantasma de
uma mulher de meia-idade, com cabelos grisalhos e vestida de branco |
*Imagem ilustrativa
Em uma manhã escura de setembro de 2006, Miguel Vargas chegou para
trabalhar no restaurante Sweetwater, no Brooklyn. Ele destrancou e
levantou o portão de segurança, deu dois passos para dentro e viu uma
mulher de perfil, andando pelo salão em direção às escadas do porão.
Era uma mulher de meia-idade, com cabelos grisalhos e vestida de
branco, com uma espécie de vestido de casamento, disse ele, mas não
desse século. E ela parecia corpórea, "normal", disse Vargas, nada
nebulosa ou translúcida como na televisão.
"Eu sabia que era um
fantasma no momento em que vi. Eu disse: 'OK, é isso'. E fui embora." Na
meia hora seguinte, ele ficou do lado de fora, tremendo. Quando Vargas,
porteiro do local, contou para seus chefes, eles riram.
Mas o
porteiro anterior tinha se demitido em pânico, disseram funcionários.
Ele estava cochilando em cima de uma mesa no porão e alegou ter visto "o
demônio" em pé ao seu lado.
E outros funcionários desse bistrô
americano relataram acontecimentos estranhos: música ligando sem
explicação; luzes piscando; manchas luminescentes no porão; e a sensação
de estar sendo observado por uma presença invisível.
Então
houve um episódio assustador há poucas semanas. Enquanto escavavam o
chão do salão para reforçar as vigas de apoio, funcionários
desenterraram um túmulo contendo uma estátua de quase oito centímetros
da Virgem com o menino, um minúsculo anel de ouro, um par de sapatos
boneca de criança e fragmentos de ossos que a dona do restaurante, Nina
Brondmo, descreveu como sendo "provavelmente de um animal pequeno".
Eles enterraram novamente os sapatos e os ossos, colocar a estátua em
exposição atrás do bar e um ajudante de garçom ficou com o anel.
"Depois disso, todos os copos começaram a quebrar", disse o gerente Wesley Ham, 35. "Você pegava um copo e ele se estilhaçava na mão, ou você olhava e os copos na estante começavam a rachar. Às vezes, eram uns 20 por dia. Eu achei que o fantasma não estava feliz com o fato de seus pertences terem sido tirados do túmulo."
Fantasma "identificado"
Acredita-se que
identidade do fantasma, para aqueles que creem no sobrenatural, seja a
de Anna Smith, filha mais velha de Charles Szyjka, também conhecido como
Willie.
A família Szyjka (Shei-ka) comprou o prédio em 1924 por
US$ 15 mil, de acordo com os registros imobiliários. Eles a
transformaram a pousada, construída em 1899, em um restaurante e bar com
dois apartamentos na parte de cima, onde viveram por décadas.
Os Szyjka, com raízes na Áustria e Ucrãnia, faziam parte de um fluxo de
imigrantes da Europa central que saíram do movimentado Lower East Side
em direção ao bairro de Williamsburg depois da conclusão da ponte
Williamsburg em 1903.
Ao contrário do que é o bairro hoje, as classes
trabalhadoras haviam afastado os ricos, derrubando mansões para
construir prédios residenciais, de acordo com John B. Manbeck,
ex-historiador do bairro do Brooklyn.
A primeira mulher de
Szyjka, Katherine Rusyn, morreu ao dar à luz a Smith. Ele então se casou
com a irmã mais nova de Katherine, Eva. Ela morreu dias depois de dar à
luz um filho, Michael. Essas mortes provavelmente aconteceram em casa,
diz Manbeck.
Depois da morte da terceira mulher de Szyjka,
Jennie, em 1952, e da morte dele em 1955, Smith herdou o negócio. Ela
continuou vivendo no andar de cima e administrando o bar durante os anos
60, servindo café da manhã de graça para trabalhadores de um matadouro
que haviam substituído os marinheiros.
Eles frequentavam o lugar para
tomar destilados antes de seus turnos, de acordo com Peggy Ambrosio, uma
prima que cresceu nos arredores do restaurante.
"Anna era
bastante conhecida no bairro", diz Ambrosio, 76. "Ela frequentava todas
as igrejas. Ela frequentava a igreja russa, a igreja polonesa, ela
frequentava a igreja ortodoxa."
Durante uma recessão econômica
nos anos 70, Smith encerrou o negócio. As fábricas haviam fechado as
portas e o bar estava sendo roubado e vandalizado com frequência, disse
sua sobrinha, Susan Sheldon.
"Uma vez roubaram o cofre", disse Sheldon, 61. "Ela estava voltando da igreja e eles estavam rolando o cofre pela rua."
Por muitos anos, disse Sheldon, Smith foi a única pessoa a morar no
quarteirão. A família implorou para que ela saísse dali, mas ela se
recusou. No final dos anos 80, ela finalmente se mudou para um asilo em
Manhattan, mas falava sem cessar em voltar para a North Sixth Street.
Ela morreu em 2003.
"Equipe é supersticiosa"
O Streetwater abriu há nove anos. Em uma tarde recente de sexta-feira,
um grupo a caminho do happy hour aproximou-se silenciosamente do bar e
alguns madrugadores olhavam o cardápio no salão.
A luz empoeirada que
passava pelas frestas das janelas, iluminando o chão de cerâmica e
decorando o teto de estanho, tornava fácil imaginar a época em que os
construtores de navios e carregadores de mercadorias se reuniam ali.
Alguns desses homens e suas companheiras estão imortalizados nas fotos
na parede.
Brondmo vive no antigo apartamento de Smith. Ela o dividia com o
marido, Pablo Arganaraz, chef e coproprietário do restaurante, que
morreu em 2013.
Ela não acredita que o prédio seja assombrado e acha que
a equipe é supersticiosa. Quanto aos copos quebrados, ela diz que as
vibrações por causa da britadeira durante a obra no restaurante
provavelmente fizeram com que rachassem.
Cesir Sanchez, 43, o
funcionário que pegou o anel de ouro, usa-o apertado na ponta de seu
dedo mindinho esquerdo. Ele não está preocupado em ofender uma
aparição.
Sheldon, que vive em Las Vegas, e Ambrosio visitaram o
Sweetwater há alguns anos. Arganaraz contou a Sheldon que a música
ligava quando ele estava sozinho à noite e as luzes piscavam.
"Isso é a tia Anna", disse Sheldon. "Ela tinha uma tonelada de discos. Ela adorava música. E adorava sair para jantar."
Tradutor: Eloise De Vylder
Fonte: UOL
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