sexta-feira, 20 de março de 2009

Tubarão fóssil do Peru fornece novas provas sobre a origem do grande tubarão branco


Os tubarões estão entre os mais populares animais apresentados na televisão e no cinema. E hoje entre os tubarões, o indiscutível rei é o grande branco, um predador gigante que pode exceder os 6 metros de comprimento.

Apesar da grande popularidade dos brancos, relativamente pouco se sabe sobre a sua biologia, e ainda menos se sabe sobre suas origens evolutivas.


Um novo
fóssil de 4 milhões de anos de idade, proveniente do Peru, descrito neste mês no Journal of Vertebrate Paleontology, fornece importantes evidências, sugerindo que as origens do tubarão branco podem ser mais humildes do que anteriormente se acreditava.

Esqueletos fósseis de Tubarões são extremamente raros, porque os tubarões não têm esqueleto ósseo como a maioria dos peixes - em vez disso seu esqueleto é feito de cartilagem. O novo espécime é o mais completo fóssil conhecido de um tubarão branco. Inclui partes da coluna vertebral, a cabeça, e uma boca com 222 dentes.


"É muito raro que um tubarão, que tem um esqueleto cartilaginoso, preserve esses detalhes no registro fóssil," disse Dana Ehret, um estudante graduado do Museu de História Natural da Florida e autor do artigo.

Em nítido contraste com as grandes extensões de águas abertas que dominava, o novo fóssil foi descoberto em uma região seca, no deserto costeiro peruano.



Em 1988, o Dr. Gordon Hubbell, um co-autor do artigo, coletava e analisava
sedimentos de 4 milhões de anos da Formação Pisco, quando encontrou os restos do tubarão.

Estas grandes áreas de sedimentos no sudoeste do Peru estão se tornando cada vez mais conhecidas por sua variedade de fósseis de baleias, pássaros, e até mesmo de uma preguiça aquática, o Thalassocnus.


Frequentemente, apenas dentes isolados de tubarões estão presentes nestes antigos sedimentos. Para obter uma visão completa da dentição de um tubarão, os cientistas precisam analisar estes dentes isolados juntamente com informações de modernos tubarões.



Ter um fóssil com os dentes na sua posição
natural é importante, porque a forma particular dos seus dentes e sua posição na mandíbula ajudam a determinar como uma espécie de tubarão se relaciona com outras. "Este espécime completo nos permite relacionar os tubarões brancos com os tubarões mako", disse Ehret.

Indubitavelmente os reis dos tubarões de todos os tempos são os chamados "megatooth". O maior deles conhecido é o Carcharocles ( "Carcharodon") megalodon, que foi contemporâneo do tubarão peruano e atingia 17 metros de comprimento. Com uma mandíbula de mais de 2 metros, ele teria colocado os grandes brancos na sombra.

No entanto, muitos cientistas têm argumentado que os megatooths eram primos próximos dos grandes brancos. Mas o novo espécime sugere que o moderno grande tubarão branco está mais estreitamente relacionado com o moderno tubarão mako - um tubarão menor que se alimenta principalmente de peixes - do que com os tubarões gigantes pré-históricos.

Se confirmado, o moderno tubarão branco e o megalodon poderiam ter evoluído para um grande porte independentemente.
O novo espécime fóssil teve provavelmente 5 metros de comprimento, semelhante em tamanho a um grande branco moderno.

Porque este espécime também preservou parte da coluna vertebral, os cientistas conseguiram determinar que o indivíduo tinha pelo menos 20 anos quando morreu.

A faixa etária foi determinada com base na contagem de alternância clara e escura nas bandas presentes nas vértebras, que calcificaram com a idade.

Essas bandas mostram as mudanças sazonais nos modernos tubarões; os fósseis foram testados, examinando a diferença na composição isotópica das bandas escuras e claras, o que reflete mudanças sazonais na temperatura.

Um moderno grande tubarão branco da mesma idade teria sido maior, sugerindo que esta espécie fóssil crescia num ritmo mais lento.

"Com a excepcional preservação deste espécime da Formação Pisco, temos uma oportunidade única para fazer avançar o conhecimento sobre a antiga Paleobiologia dos tubarões brancos e dos seus parentes extintos", disse o Dr. Bruce MacFadden do Museu de História Natural da Flórida e um dos co-autores do estudo.


Fonte: Journal of Vertebrate Paleontology

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