No ano passado, uma série de experimentos independentes causou furor por ter aparentemente detectado sinais de matéria escura, que, acredita-se, constitui até 85% da matéria presente no universo.
"Tem havido grande animação com sinais de raios cósmicos que têm a matéria escura como uma das explicações possíveis", diz Neal Weiner, da Universidade de Nova York.
Mais especificamente, o Pamela (acrônimo em inglês para pacote de exploração de antimatéria e astrofísica de núcleos leves) e o telescópio Fermi detectaram um excesso de elétrons de alta energia e antielétrons, também chamados positrons, sibilando pelo espaço.
As descobertas foram intrigantes porque tais excessos poderiam ser produzidos pela aniquilação ou decaimento de partículas de matéria escura.
Entretanto, as partículas de alta energia também podem ter origens mais mundanas; por exemplo, elas poderiam ser produzidas por pulsares.
"Uma pergunta importante é: como determinar se isso é matéria escura ou alguma fonte astrofísica?", diz Weiner.
Longo caminho
Uma forma de encontrar a resposta é olhar para seus acompanhantes, os fótons de raios gama de alta energia.
Todos os modelos de matéria escura que podem explicar os dados do Pamela e do Fermi preveem que elétrons de alta energia e pósitrons se chocam com fótons comuns da luz estelar e os expulsam para o âmbito dos raios gama, afirma Weiner.
O telescópio Fermi tem procurado por esse sinal de raios gama e, no mês passado, Persis Drell, um membro da equipe do Laboratório do Acelerador Nacional do SLAC em Menlo Park, Califórnia, apresentou os resultados na conferência de Astrofísica de Partículas TeV, ocorrida no SLAC, mostrando que o pico energético dos raios gama está em torno de 100 GeV.
Drell apresentou dados de sinais de raios gama no centro da galáxia e em uma região mais ampla do céu conhecida como galáxia interior.
A equipe de Weiner comparou o sinal de raio gama da galáxia interior com estimativas feitas por modelos de matéria escura e descobriu uma correspondência. Weiner e seus colegas consideram as descobertas "certamente excitantes".
Porém, Weiner insiste que os resultados ainda são perfeitamente consistentes com a possibilidade de não haver sinal de matéria escura.
Ele também enfatiza que o grupo Fermi apresentou dados preliminares que continuarão a ser refinados. Ele tem esperanças de que dados futuros do Fermi esclareçam qualquer confusão.
"Com o estreitamento do campo de visão do Fermi, sua sensibilidade vai aumentar, o que traz perspectivas de resultados muito importantes e animadoras", afirma.
Piegiorgio Picozza, membro da equipe do Pamela da Universidade de Roma Tor Vergata, Itália, concorda que ainda é cedo para tirar conclusões.
Ele observa que uma série de artigos discutindo os resultados do Pamela e do Fermi tem sido publicada e que muitos deles têm conclusões conflitantes. "Acho que o caminho rumo à verdade ainda é bem longo", diz.
Fonte: Terra
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