Cientistas acreditam que planetas se formam no disco de gás e poeira que envolve as estrelas jovens.
A combinação da descoberta de nove novos planetas, anunciada em uma reunião da Royal Astronomical Society, com dados anteriores de outros planetas já descobertos deixou os astrônomos surpresos: de uma amostra de 27 mundos orbitando ao redor de estrelas distantes, seis giram uma direção oposta à rotação da estrela. A constatação representa um problema para as teorias dominantes a respeito da formação planetária.
"Esta é uma bomba que estamos soltando no campo dos exoplanetas", disse Amaury Triaud, do Observatório de Genebra, que juntamente com Andrew Cameron e Didier Queloz, encabeça a maior parte da campanha de observação.
Cientistas acreditam que planetas se formam no disco de gás e poeira que envolve as estrelas jovens.
Esse disco protoplanetário gira na mesma direção que a estrela, e por isso espera-se que os planetas surgidos a partir do disco acompanhem essa orientação, e se mantenham mais ou menos no mesmo plano.
Quando os cientistas combinaram os novos dados com observações mais antigas, descobriram que mais da metade de todos os "Júpiters Quentes" - planetas muito grandes e que giram muito perto de suas estrelas - em órbitas fora de alinhamento com o eixo das estrelas. E seis desses planetas têm movimento retrógrado: orbitam a estrela na direção oposta à da rotação do astro.
Nos 15 anos desde que os primeiros "Júpiters Quentes" foram descobertos, sua origem tem sido um mistério. Acredita-se que o núcleo de planetas gigantes se forme a partir de uma mistura de gelo e rocha nas regiões mais frias - e, portanto, mais distantes da estrela - de um sistema.
Os planetas gigantes precisam, portanto, migrar para o interior do sistema para que se possam tornar "quentes". Essa migração seria causada por interações gravitacionais com o restante do disco protoplanetário.
Para dar conta dos planetas quentes e retrógrado,s no entanto, uma nova teoria é necessária. A equipe de Triaud propõe que a presença desses planetas junto a suas estrelas possa ser causada por um cabo-de-guerra de centenas de milhões de anos, envolvendo outros planetas e até mesmo outras estrelas.
"Um efeito colateral dramático desse processo é que qualquer planeta pequeno, como a Terra, seria eliminado desses sistemas", disse Didier Queloz.
Fonte: Estadão
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