O primeiro povo pré-histórico em território europeu viveu há mais de 6 mil anos em Lepenski Vir, uma região da Sérvia próxima ao rio Danúbio, e que deu nome a uma brilhante cultura do homem da pré-história.
Agora, mais de 40 anos depois de descoberto, a memória desse povo está protegida em um moderno museu que convida a viajar ao passado e conhecer a vida, as crenças e os costumes daquela época tão distante, do período mesolítico.
O amplo e elegante prédio de vidro e construção metálica de cor branca, financiado pelo Governo sérvio, oferece ao visitante artefatos do período, um passeio virtual interativo pelo povoado e um documentário sobre as primeiras escavações arqueológicas no local.
Ali, nas margens do rio Danúbio, aconteceram as milenares tentativas do homem de estabelecer um sistema econômico e sociocultural.
"É o assentamento humano organizado mais antigo da Europa", declarou à Agência Efe Vladimir Nojkovic, responsável por Lepenski Vir na Organização Turística da cidade de Donji Milanovac, 180 quilômetros a leste de Belgrado.
"Isso quer dizer que as pessoas criaram de forma planejada seu assentamento no local, construíram de forma planejada suas casas, tinham a vida econômica e social organizada nesse assentamento", acrescentou, explicando que em Lepenski Vir essa forma de vida aconteceu "entre 6.500 e 6.300 a.C".
Nesse lugar, protegido pelo Danúbio e com as rochas como barreiras naturais, pela primeira vez na Europa nasceu uma cultura genuína, única e original, com uma arquitetura específica e monumentais esculturas de pedra.
De acordo com as pesquisas do arqueólogo sérvio Dragoslav Srejovic, apresentadas em seu livro Lepenski Vir, o povoado foi construído sobre um amplo terreno, com forma similar à letra "U" e casas ordenadas em paralelo com essas linhas.
A arquitetura das casas foi definida com precisão: um triângulo isósceles cortado exatamente em um quarto da longitude de seus lados iguais.
A entrada sempre dava para o rio. Na parte central do povoado ficava a casa maior, possivelmente o templo, e uma praça.
Os construtores de Lepenski Vir tinham conhecimentos sobre as medidas, proporções, formas e dimensões que sabiam aplicar em sua arquitetura, mas sua matemática não é a que conhecemos atualmente e parece ter sido uma espécie de cálculo místico, segundo o professor Srejovic.
No interior das casas havia um altar e as esculturas de pedra de suas divindades, imagens que são uma combinação de humanos e peixes.
"Viviam nas margens do rio, e a água era a fonte de sua vida. Viviam do pescado, que era seu alimento", explicou Nojkovic.
"Possivelmente porque comiam peixe eram bem mais altos do que os outros dos povos que viviam na Europa naquele tempo. Um homem médio tinha entre 1,65 e 1,70 metros. Para aquela época, isso era muito alto", disse Nojkovic.
"O esqueleto mais longo achado em Lepenski Vir é de 2,03 metros. Foi enormemente alto para aquele tempo", declarou.
Além de figuras de divindades, também elaboravam esculturas com ornamentos que aparentemente são um tipo de sinal ainda sem decifrar.
Lepenski Vir foi descoberto em 1967, e o valor do achado o colocou imediatamente nos grandes mapas arqueológicos do mundo.
Foram encontradas 136 casas e templos em sete povoados nesse local no período entre 6.500 e 5.500 a.C.
A revolução neolítica, entre 5.900 e 5.500 a.C, e os contatos com outros grupos culturais formados rio acima influenciaram na mudança de seus costumes, vida e religião.
Fonte: Terra
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