Ilustração da queda de um asteroide na Terra há bilhões de anos (Foto: Don Davis/Divulgação)
Conclusão é de dois estudos publicados pela revista científica 'Nature'. Descobertas respaldam modelo sobre origem do Sistema Solar.
Há aproximadamente 3,8 bilhões de anos, a Terra e a Lua receberam
impacto de inúmeros asteroides gigantes, maiores do que os que
extinguiram os dinossauros, e durante um período mais longo do que se
achava, informou nesta quarta-feira (25) a revista científica "Nature".
"Descobrimos que asteroides gigantes, similares ou maiores aos que
acabaram com os dinossauros, se chocaram contra a Terra com muito mais
frequência do que se pensava", explicou à Agência Efe o astrofísico
William Bottke, do Instituto de Pesquisas Southwest, no estado
norte-americano do Colorado.
Autor de um dos dois artigos publicados na última edição da "Nature",
sobre o impacto dos meteoritos, Bottke aponda que cerca de 70 asteroides
de grandes dimensões se chocaram contra a Terra durante o período
Arqueano, que está compreendido entre 2,5 bilhões e 3,8 bilhões de anos
atrás. Segundo ele, a Lua também foi atingida.
"Nosso trabalho sugere que o Arqueano, um período de formação da vida e
de nossa biosfera, foi também uma época marcada por muitos impactos de
meteoritos de grande magnitude. Isto nos ajudará a entender melhor os
primeiros períodos da história da vida na Terra", declarou Bottke.
Já Brandon Johnson, da Universidade de Purdue, no estado de Indiana,
também nos EUA, afirma em outro estudo que estes violentos impactos
tiveram um papel maior do que imaginávamos na evolução das primeiras
formas de vida terrestre.
"Apesar de sempre pensarmos nos meteoritos como um detrimento para a
vida, eles poderiam ter contribuído para a formação da mesma ao trazer
material orgânico à Terra e produzir sistemas hidrotermal capazes de
gerar vidas", detalhou Johnson à Agência Efe.
'Modelo de Nice'
As descobertas de ambos os cientistas respaldam o "Modelo de Nice", uma
hipótese que defende que os planetas gigantes gasosos do Sistema Solar
-- Júpiter, Saturno, Urano e Netuno -- migraram a partir de uma
distribuição inicial mais compacta até suas atuais posições.
O deslocamento destes planetas originou muitos asteroides, que,
posteriormente, se viram atraídos em direção ao interior do Sistema
Solar. Alguns destes asteroides bateram violentamente na Terra, na Lua e
em outros corpos, um fenômeno conhecido como "bombardeio intenso
tardio".
"Estes impactos geraram grandes crateras sobre a superfície lunar, que,
por sinal, foram muito mais bem conservadas do que as da Terra. Esse
fato pode apresentar uma grande quantidade de informações e explicar
melhor este fenômeno", explicou Bottke.
No total, os cientistas contabilizaram na Lua 30 crateras com um
diâmetro maior que 300 quilômetros e com idades que oscilam entre os 4.1
bilhões e os 3.8 bilhões de anos, mais antigas que as crateras
encontradas na Terra.
Muitas crateras da superfície terrestre se perderam por causa da erosão
e dos movimentos das placas tectônicas, sendo que poucas rochas dessa
era sobreviveram. Por isso, o estudo de impacto de meteoritos caídos há
mais de 2 bilhões de anos é mais complicado.
No entanto, o choque desses meteoritos fundiu algumas das rochas
salpicadas que se esfriaram até se transformar em pequenos pedaços de
vidro, denominadas esférulas. A partir dessas amostras, Bottke e Johnson
estimaram a data do impacto, além do número e do tamanho dos
asteroides.
Existem aproximadamente 20 jazidas de esférulas na Terra, que, segundo
os especialistas, serão de grande utilidade para estudos futuros.
Fonte: G1
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