Pesquisadores reproduziram pela primeira vez em substâncias sintéticas as mesmas funções de armazenamento e cópia de genes.
Um estudo duvulgado na quinta-feira (19) mostrou que, pela
primeira vez, mecanismos biologicamente importantes, como
hereditariedade e evolução, puderam ser reproduzidos em laboratório
usando substâncias artificiais.
Uma equipe de pesquisadores, incluindo um brasileiro, conseguiu criar seis polímeros sintéticos capazes de armazenar e copiar as informações genéticas presentes no ácido desoxirribonucleico, o DNA, que carrega em todas as células as informações necessárias à vida.
No experimento, eles também puderam mudar estas informações em um processo análogo à evolução, um passo importante para algo que recebeu o nome de genética sintética.
“Polímeros sintéticos já existiam e também era quimicamente possível
reproduzir este processo, porém, pela primeira vez conseguimos trazer
informações do DNA para o polímero sintético e dele para o DNA”, disse
ao iG Vitor Pinheiro do Laboratório de Biologia Molecular da Universidade de Cambridge e autor do estudo.
O processo de armazenamento de informações genéticas depende de dois compostos naturais, já muito conhecidos pela ciência, o DNA e o RNA.
O processo de armazenamento de informações genéticas depende de dois compostos naturais, já muito conhecidos pela ciência, o DNA e o RNA.
Os
ácidos nucleicos DNA e RNA fornecem a base molecular para toda a vida
através de sua habilidade única para armazenar e propagar informações
através da combinação de quatro partes menores, chamadas de bases:
guanina, citosina, adenina e timina.
O estudo publicado na quinta-feira (19) no periódico científico
Science um sistema sintético que permitiu a replicação da informação
codificada por polímeros que receberam o nome de XNA.
“A informação
genética pode ir do DNA para o XNA e de volta para o DNA, o que complete
o ciclo replicação. Polímeros podem sintetizar o XNA do modelo de DNA e
temos outro tipo de polímero que pode usar o XNA como modelo para
converter a informação desta sequência genética em DNA”, disse Philipp
Holliger, também autor do estudo.
Mas o experimento não parou por aí. O sistema sintético também evoluiu,
ou seja, as cópias do material genético apresentaram mutações, a base do
processo evolutivo.
A equipe de pesquisadores também submeteu um dos
polímeros, conhecidos como HNA, às condições laboratoriais semelhantes à
seleção natural.
“Num aspecto mais prático, se você pode armazenar informação e
replicá-la, a evolução é apenas uma consequência individual disto. E
para todos os polímeros que conseguimos fazer, abrimos o espaço de
sequenciamento, que antes não poderia ser explorado. Portanto, seremos
capazes de encontrar novas estruturas e fenótipos. Eu acredito que esta
plataforma nos possibilitarás um amplo alcance de aplicação
tecnológica”, disse Holliger.
De acordo com os pesquisadores, a ideia do experimento não é o de
criar um Frankenstein, mas sim de usar a “propriedade tão surpreendente
do DNA e do RNA de armazenar informação”.
“É um sistema que já isola uma
molécula com melhor estabilidade biológica e química. Com isso podemos
desenvolver novas drogas baseadas em ácidos ribonucleicos para o
tratamento de várias doenças”, disse Pinheiro ao iG.
Os pesquisadores estão procurando substitutos para componentes do
sistema genético natural. “Não há nenhum problema com o DNA e o RNA
assim que os usamos para estudar biologia. Acredito que há um interesse
crescente no estudo do DNA e do RNA não só para alcançar alguma
informação particular sobre este funcionamento mais também para
construir, por exemplo, nanotecnologias”, disse.
Fonte: IG
Nenhum comentário:
Postar um comentário