quinta-feira, 26 de julho de 2012

Detector de partículas tentará encontrar 'universo negro invisível'

O detector AMS está instalado na Estação Espacial Internacional, sendo visível no centro da armação Foto: Nasa/Divulgação



Um detector de partículas pesando 7 t instalado há mais de um ano na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) tentará estabelecer se existe um "universo negro" invisível entretecido no cosmos, disse nesta quarta-feira um cientista do projeto. 



O detector, chamado Espectrômetro Magnético Alfa (AMS, na sigla em inglês), já quebrou todos os recordes ao registrar cerca de 17 bilhões de raios cósmicos, armazenando seus dados para análises, disse o físico Samuel Ting, ganhador do Prêmio Nobel, em entrevista coletiva. 


"A questão é: onde o universo é feito de antimatéria? Ela pode estar por aí, num lugar bem longe, produzindo partículas que poderíamos detectar com o AMS", afirmou.



Físicos dizem que o "Big Bang", explosão primordial que originou o universo há cerca de 13,7 bilhões de anos, deve ter criado quantidades iguais de matéria e de antimatéria. Mas então a antimatéria teria, praticamente, sumido. 



A razão disso é um dos grandes segredos do cosmos, investigado por meio do AMS e de estudos feitos no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), onde Ting falou.



Alguns pesquisadores acreditam que a "matéria invisível", uma forma que ocupa até 25% do universo conhecido, estaria ligada à antimatéria. Mas outros dizem que isso é altamente improvável. 



Esses cientistas argumentam que a antimatéria não poderia sobreviver muito perto de partes visíveis do cosmo onde, segundo as observações mais recentes, são ocupadas pela matéria escura, o que às vezes gera um "véu" entre planetas e estrelas.



A matéria e a antimatéria são quase idênticas, com a mesma massa, mas "spin" (rotação) e cargas energéticas opostas. Elas podem formar partes diferentes de algumas partículas elementares, mas, caso se misturem, se destroem instantaneamente.



Ting concedeu a entrevista coletiva junto a uma equipe de astronautas dos Estados Unidos que levou o detector - desenvolvido e construído pelo Cern - até a ISS em maio do ano passado, na última missão do ônibus espacial Endeavour.



Ele disse que até agora o detector de U$ 2 bilhões, com seus poderosos ímãs que distorcem as partículas com cargas negativas e positivas em direções diferentes, está funcionando perfeitamente e que nenhum dos sistemas reservas precisou ser acionado.




Fonte: Terra

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