sábado, 1 de setembro de 2012

Moçambique: Líderes comunitários conseguem parar com as acusações de feitiçaria



As acusações de feitiçaria por curandeiros, que culminavam com as mortes com recurso a  catanas  e outros instrumentos contundentes, cessaram na região de Daque, distrito de Mágoè, província de Tete, mercê das ações de sensibilizações levadas a cabo por líderes comunitários.


Francisco Clemente, líder do primeiro escalão em Daque, explicou que outrora os curandeiros eram os principais causadores de mortes, porque acusavam as pessoas de feiticeiras, as quais, em retaliação, pegavam em catanas, machados e outros instrumentos e matavam os acusados.


Os indivíduos tidos como bruxos eram na sua maioria idosos, pais ou outros parentes, a quem os filhos, após as consultas aos curandeiros, acusavam, fazendo fé nas palavras dos curandeiros.


“Era um problema frequente e preocupante e por vermos que a atitude não estava a contribuir para o bem-estar das famílias, iniciamos um trabalho de sensibilização dos curandeiros, de modo a não fazer as acusações, mas sim tratar a doença e uma vez estando a acatar as nossas mensagens, a situação abrandou e já vivemos ambiente tranquilo na nossa zona de Daque” – garantiu Clemente.


Acrescentou que “estávamos a perder muitas pessoas, porque os filhos matavam os seus pais. Vimos que isso não dava nada, porque muitas vezes as acusações eram falsas, logo as pessoas eram mortas inocentemente. Perdíamos muito visto que as crianças doentes também acabavam morrendo. Era uma situação triste”.


O que disse Clemente foi comungado por Fernando Semo e Jasten Zulassa, líderes de segundo escalão daquela região de Daque, os quais fazem das ações de sensibilização dos curandeiros para a mudança de atitudes que em nada ajudam para o sossego das famílias.


“Pensamos que isso pode ser copiado por outros curandeiros, tanto no nosso distrito, como noutros da província e do país em geral, porque, temos acompanhado que os velhos estão a ser mortos por seus filhos ou netos, porque são acusados de serem feiticeiros” – disse Semo.


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