Primeiro exocometa foi identificado em 1987 na órbita da estrela Beta Pictoris
A descoberta de um novo grupo de cometas que orbitam
estrelas distantes, anunciada na reunião semestral da Sociedade
Astronômica Americana, quase triplica o número desses corpos celestes
conhecidos.
O primeiro chamado "exocometa" foi descoberto em 1987, mas desde então apenas mais três haviam sido encontrados.
Mas no encontro realizado desta semana na Califórnia o astrônomo
americano Barry Welsh deu detalhes sobre mais sete desses cometas.
A possibilidade de provar que os cometas são
comuns no universo tem implicações sobre seu possível papel de levar
água ou até mesmo partículas que podem gerar vida aos planetas.
Corpos celestes como o Cometa Halley, que faz um
caminho longo e elíptico, passando perto do Sol a cada 75 anos, são
conhecidos pelas longas "caudas" de gás e detritos que aparecem quando
eles se aproximam de suas estrelas hospedeiras.
Foram essas caudas que Welsh e sua colaboradora Sharon Montgomery mediram, usando imagens do observatório McDonald, no Texas.
As caudas dos exocometas absorvem uma pequena
fração da luz de suas estrelas hospedeiras - e a absorção muda com o
tempo, conforme os cometas aceleram ou desaceleram.
Com uma observação paciente, a dupla verificou a existência de sete novos cometas de fora do Sistema Solar.
'Sobras'
No nosso Sistema Solar, muitos cometas vêm do
cinturão de Kuiper, um disco de detritos localizado além da órbita de
Netuno, e da nuvem de Oort, um disco de detritos ainda maior e mais
distante.
Welsh explicou que esses discos são "sobras" características da formação de planetas.
"Imagine um 'canteiro de obras cósmico' onde a construção já terminou - os planetas", disse ele à BBC.
"Estamos olhando o que sobrou - os tijolos, o
concreto, os pregos - os discos de detritos têm cometas, planetesimais
(pequenos corpos celestes gerados com a aglutinação de poeira cósmica) e
asteroides", explica.
Mas algo precisa perturbar a órbita dos cometas para colocá-los na direção de sua estrela hospedeira.
Apesar de colisões entre cometas serem capazes disso, acredita-se que a gravidade dos planetas próximos fazem esse trabalho.
De fato, em 1987, quando o primeiro exocometa
foi observado em torno da estrela Beta Pictoris, surgiu a hipótese de
que um planeta podia ser responsável por sua órbita, e em 2009 um
planeta gigante foi encontrado por lá.
Construção de planetas
Nos últimos anos tem havido um foco maior sobre os exoplanetas
(planetas de fora do Sistema Solar), com o anúncio na segunda-feira de
461 novos candidatos a serem reconhecidos como planetas e a
possibilidade da existência de bilhões desses planetas com tamanho
semelhante à Terra.
O novo estudo ajuda a esclarecer a relação entre
esses planetas e os discos de detritos de seus locais de origem. Isso
pode ajudar também a compreensão da formação do nosso próprio Sistema
Solar.
"Parece que o processo de construção de planetas
é muito semelhante em muitos casos, e para provar isso você precisa
olhar não somente o produto final, mas também as coisas das quais eles
são feitos", observa Welsh.
A descoberta de mais e mais cometas também
aumenta a possibilidade de que cometas tenham um papel importante no
transporte de materiais.
"Há duas teorias: uma é de que os cometas
antigos no nosso Sistema Solar levaram gelo aos planetas e que esse gelo
derreteu e formou os oceanos", relata Welsh.
"A outra, talvez um pouco mais rebuscada, é que
as moléculas orgânicas nos cometas eram as sementes da vida nos
planetas. E se os cometas são tão comuns em todos os sistemas
planetários, então talvez a vida também seja", diz.
Fonte: BBC
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