Judeu ultraordoxodo balança uma galinha sobre a cabeça de sua família no ritual do Kaparot, em Mea Shearim, bairro de Jerusalém, em setembro de 2012
Os judeus da Europa têm origem em uma mistura de
ascendências, incluindo diversas tribos que se converteram ao judaísmo,
revelou um estudo genético publicado na quinta-feira. Este estudo deverá regular um debate que já dura mais de dois séculos.
Os judeus asquenazes, de origem europeia, representam cerca de 90%
dos mais de 13 milhões de judeus existentes no mundo atualmente.
Segundo a hipótese conhecida como "renana", os asquenazes descendem
dos judeus que fugiram da Palestina após a conquista muçulmana, no ano
638 d.C.
Ainda de acordo com esta teoria, eles se radicaram no sul da Europa e
depois, ao final da Idade Média, cerca de 50 mil deles se deslocaram da
Renânia, na Alemanha, para a Europa do Leste.
Alguns, entretanto, consideram esta hipótese inverossímil, porque o
cenário seria impossível em termos demográficos, pressupondo um salto da
população dos judeus da Europa oriental de 50.000 indivíduos no século
XV a cerca de 8 milhões no começo do século XX.
A taxa de natalidade seria, assim, dez vezes superior àquela da
população local não judia. Isto apesar das dificuldades econômicas, as
doenças, as guerras e os 'pogroms', que arruinaram as comunidades
judaicas.
Para tentar ver isto de forma mais clara, um estudo publicado na
revista britânica Genome Biology and Evolution comparou os genomas (que
formam o patrimônio genético) de 1.287 indivíduos sem vínculo familiar
descendentes de oito grupos de populações judias e 74 de não judias.
O geneticista Eran Elhaik (da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins,
em Baltimore, Estados Unidos) analisou estes dados, em busca de mutações
no código de DNA ligadas à origem geográfica de um grupo.
Estes indicadores já tinham sido utilizados no passado para lançar luz às origens dos bascos ou dos pigmeus do sul da África.
Entre os judeus da Europa, o geneticista encontrou assinaturas
ancestrais que apontam claramente para o Cáucaso e também, mais em menor
medida, para o Oriente Médio.
Segundo Eran Elhaik, estes resultados sustentam a teoria rival da hipótese renana, conhecida com o nome de "hipótese Cazare".
De acordo com esta teoria, os judeus do leste europeu descendem dos
cazares, uma mistura de clãs turcos que se instalaram no Cáucaso nos
primeiros séculos de nossa era e, influenciados pelos judeus da
Palestina, se converteram ao judaísmo no século VIII.
Os judeus cazares construíram um império florescente, atraindo os judeus da Mesopotâmia e do Império bizantino.
Eles prosperaram a tal ponto que emigraram para Hungria e Romênia, plantando as sementes de uma vasta diáspora.
Mas o império cazare ruiu no século XIII, atacado pelos mongóis e debilitado pelas epidemias da peste negra.
Os judeus cazares então fugiram para o oeste, instalando-se no reino
polonês e na Hungria, onde suas competências em finanças, economia e
política eram apreciadas. Segundo a hipótese cazare, eles finalmente se
espalharam pela Europa central e ocidental.
"Nós concluímos que o genoma dos judeus da Europa é um mosaico de
populações antigas, incluindo os cazares judaizados, os judeus
greco-romanos, os judeus da Mesopotâmia e da Palestina", explicou Eran
Elhaik.
"A estrutura de sua população se formou no Cáucaso e às margens do
Volga, com raízes que se estendem à região de Canaã e às margens do
Jordão", acrescentou.
Segundo Elhaik, a história escrita nos genes se sustenta em
descobertas arqueológicas, pela literatura judaica que descreve a
conversação dos cazares no judaísmo, assim como pela língua.
Fonte: Yahoo!

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