Um fóssil com cerca de 100 milhões de anos permitiu aos cientistas
apontarem que o Brasil era cenário para os voos de um dos maiores
pterossauros já identificados no mundo.
O mais importante réptil voador
pré-histórico já encontrado no Brasil foi identificado no Cariri
nordestino e apresentado na manhã desta quarta (20) no Museu Nacional da
Quinta da Boa Vista, no Rio.
Trata-se do maior fóssil de pterossauro descoberto no hemisfério Sul e o
terceiro no mundo. De asas abertas, media em torno de 8,5 metros de uma
ponta à outra.
E os visitantes do museu poderão ver um modelo em
tamanho natural do esqueleto e outro da cabeça do réptil, construídos
nos laboratórios do museu. A exposição será aberta na sexta-feira.
Para o pesquisador Alexander Kellner, o que torna esse pterossauro
especial é o fato de o fóssil ser o mais completo já encontrado em todo o
mundo. Seu esqueleto, ressalta, estava quase todo preservado, inclusive
o crânio.
A descoberta é resultado do trabalho de três grupos de pesquisadores de
diversas instituições brasileiras e foi feita por meio de uma técnica
pouco usada no Brasil, a escavação controlada.
O fóssil foi identificado na Chapada do Araripe, região entre os Estados
do Ceará, Pernambuco e Piauí que concentra grande volume de fósseis,
especialmente de pterosauros. Segundo o estudo, parcialmente financiado
pela Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e
publicado nos "Anais da Academia Brasileira de Ciências" nesta semana, a
bacia do Araripe reúne alguns dos mais importantes depósitos de fósseis
do mundo.
Além do novo ptesourauro gigante, o trabalho identificou outros dois
animais de grande porte encontrados no mesmo local, numa formação
batizada de Romoaldo.
O exemplar de 8,5 metros de abertura de asas foi
atribuído à espécie Tropeognathus mesembrinus, já conhecida por animais menores.
VOO DE GIGANTES
Enquanto os dinossauros dominavam a terra firme na Era Mesozoica (entre
220 milhões e 65 milhões de anos atrás), um grupo de vertebrados
dominava os ares: os pterossauros, ou répteis voadores.
Com apenas duas
centenas de espécies conhecidas, esses animais conviveram com as aves
primitivas. Eles desapareceram no final do período Cretáceo, juntamente
com a maioria dos dinossauros.
Mesmo sendo identificados há mais de 200 anos, esses animais ainda
causam controvérsia. Um dos motivos é o pequeno número de depósitos com
fósseis bem preservados do grupo.
Um desses depósitos, a Formação Romualdo (de 110 milhões de anos),
coloca o Brasil na dianteira nas novas descobertas desses animais, ao
lado de EUA, Alemanha, Reino Unido e China.
As pesquisas no local foram conduzidas por três instituições: o Museu
Nacional da UFRJ, a Universidade Regional do Cariri e o Museu de
Ciências da Terra do DNPM (Departamento Nacional de Pesquisa Mineral).
Fonte: Folha de São Paulo
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