O século XVI foi marcado pela disputa entre a Igreja Católica e a
Reforma Protestante. Esta disputa e divisão generalizada tanto no Reino
Unido como na Europa alimentou o medo de que o Julgamento Final estava
próximo.
Os católicos acreditavam que este levante dos protestantes era
um sinal dos trabalhos do anticristo enquanto os protestantes viam a
corrupção da Igreja Católica como a prova de que o demônio e o fim dos
tempos estavam próximos.
Nesta mesma época, chegavam da Europa muitos livros sobre Bruxaria
que evocavam as pessoas a tomar uma firme atitude na batalha contra as
bruxas e a magia negra.
Foi neste contexto que o rei Henry VIII apresentou o primeiro
estatuto inglês sobre a Bruxaria (1542), seguido por uma legislação
muito mais dura por parte da rainha Elizabeth I (1563) e do rei James I
(1604).
Estima-se que mais de 4.000 “bruxas” (incluindo alguns poucos
“bruxos”), foram executados durante a época da “Caça às Bruxas”, entre
1590 e 1722.
Colocamos bruxas entre aspas para que fique claro que
muitas mulheres e homens que foram executados não eram bruxos. Na
verdade qualquer pessoa podia ser acusada de bruxaria.
A maioria eram
mulheres. Era comum acusações sem cabimento e motivadas por conflitos
pessoais. Como as acusações podiam ser anônimas e algumas igrejas
colocavam à disposição dos fiéis caixinhas onde eles podiam deixar
bilhetes com os nomes para serem passados às autoridades, era muito
fácil utilizar o sistema para vingar-se de outras pessoas.
Alguns casos, como o da mulher que após discutir com a sua vizinha a
acusou de haver jogado uma praga que pegou e então a denunciou por
bruxaria, é um bom exemplo.
Muitos homens que queriam se livrar das suas
esposas também utilizavam o sistema. Se a mulher o estava traindo por
exemplo, ele não ia querer passar pela humilhação de tornar pública a
traição porém podia inventar que a tinha visto voar com o demônio e já
era o suficiente para que uma investigação fosse aberta.
Muitos tomaram a caça às bruxas como um objetivo pessoal e
organizavam de forma privada investigações para reunir evidências para
futuros julgamentos de possíveis bruxas.
O uso de tortura para obtenção de confissões era ilegal na
Inglaterra, Irlanda e País de Gales, porém era permitido na Escócia onde
muitas confissões foram resultados de horas de tortura, ou seja, quando
a pessoa já não podia negar mais.
Um dos métodos muito utilizados era a
privação do sono na qual os torturados não podiam dormir e o cansaço
que tomava conta era tão intenso que a pessoa chegava a um estado de
ilusão e delírio. Outros métodos muito menos agradáveis incluiram
parafusos e trituradores de ossos das mãos e pernas.
Na Inglaterra, as bruxas eram somente enforcadas, mas aqui na Escócia
a Mary Queen of Scots estabeleceu o decreto de Bruxaria que declarava
que as bruxas deveriam ser estranguladas e queimadas.
Mary acreditava
que as queimando suas almas seriam libertas do demônio. Muitas foram
queimadas vivas. A última bruxa executada foi Janet Horne em 1722 e a
lei foi finalmente abolida em 1736.
Ao lado do castelo de Edimburgo se encontra uma fonte de aço forjado
chamado Witches Well (Fonte das Bruxas). Foi neste local na Castlehill
(extremo oeste da Royal Mile) onde mais de 300 pessoas condenadas por
bruxaria foram queimadas entre 1479 e 1722. Nenhum outro lugar na Escócia foi palco de mais execuções de bruxas que este!
Na Fonte das Bruxas se encontra uma placa que diz:
“Esta fonte, desenhada pelo John Duncan, se encontra próxima ao local
onde muitas bruxas foram queimadas. A cabeça perversa e a cabeça serena
(se refere às imagens esculpida na fonte) significam que algumas delas
utilizaram seu extraordinário conhecimento para o mal enquanto outras
foram mal interpretadas pois desejavam nada mais que o bem dos demais. A
serpente tem duplo significado, representando o mal e a sabedoria.”
Fonte: Destino Escócia
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