Os cientistas utilizaram diversos exames por imagem no fóssil. Eles mostra, em azul, cobre, em magenta, ferro, e, em verde, uma tomografia computadorizada. Os locais onde a tomografia e o ferro coincidiam indicam a presença do sistema nervoso, dizem os pesquisadores Foto: N. Strausfeld/University of Arizona/Nature / Terra
Pesquisadores afirmam ter descoberto o fóssil do mais
antigo ancestral conhecido dos quelicerados, subfilo que inclui aranhas,
escorpiões e o caranguejo-ferradura.
Segundo os cientistas, a
descoberta indica que esse grupo de animais surgiu há pelo menos 520
milhões de anos. O estudo foi divulgado nesta quarta-feira na revista
especializada Nature.
O fóssil do animal, que foi chamado de Alalcomenaeus e
tinha cerca de 3 centímetros, foi encontrado no sudoeste da China.
Ele
chamou a atenção por ter o sistema nervoso bem preservado. Ao utilizar
técnicas de imagem, os cientistas descobriram diversas características
que, segundo os pesquisadores, colocam o animal no subfilo do
quelicerados.
O ser descoberto pertencia ao extinto grupo dos
megacheira ("grandes garras", em grego), que tinham dois grandes
apêndices na cabeça, que lembravam um par de tesouras - daí o nome. A
descoberta, afirmam os pesquisadores, resolveria o mistério de a qual
galho da árvore da vida esses animais pertenciam.
"Nós agora sabemos que os megacheira tinham sistemas
nervosos centrais muito similares aos do caranguejo-ferradura e dos
escorpiões modernos", diz Nicholas Strausfeld, da Universidade do
Arizona (EUA).
"Isso significa que os ancestrais das aranhas e seus
parentes viveram lado a lado com os ancestrais dos crustáceos no Baixo
Cambriano."
Como resultado dos exames, eles encontraram
características comuns aos quelicerados, como três grupos de células
nervosas conhecidos como gânglios nervosos que são fundidos e agem como
um cérebro. Nos crustáceos, os gânglios estão distantes, ligados por
longos nervos.
Os pesquisadores usaram esta e outras características e
as usaram em um catálogo que recria as relações evolutivas. "Greg
(Gregory Edgecombe, do Museu de História Natural de Londres) colocou
essas características em uma análise cladística em computador para
perguntar: 'onde este fóssil aparece na árvore relacional?'", diz
Strausfeld. "Nosso fóssil de Alalcomenaeus apareceu nos quelicerados
modernos."
Ainda de acordo com o estudo, os cientistas encontraram
características similares entre os apêndices desse animal e as presas
das aranhas, o que indica que as segundas evoluíram da primeira.
"Nossa descoberta é excitante porque mostra que os
mandibulados (grupo ao qual os crustáceos pertencem) e quelicerados já
estavam presentes como duas trajetórias evolutivas distintas há 520
milhões de anos, o que significa que seu ancestral comum deve ter
existido muito antes disso."
Fonte: Terra
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