Destruição de arraial para construção da capital criou espíritos na cidade.
Lendas de fantasmas que fazem parte da história de BH foram catalogadas
no livro "Guia do Morador Belo Horizonte", organizado por Roberto Andrés
e Fernanda Regaldo.
O capítulo sobre os seres assustadores, escrito
pela professora Heloísa Starling, mostra como as histórias apareceram a
partir da destruição do velho Curral del Rey, que deu lugar à construção
da futura capital de Minas Gerais, em 1897.
O bairro da Serra, na região centro-sul, é um dos que conta com seu fantasma: um senhor de terno preto e guarda-chuva que surge nos portões das casas da rua do Ouro, segundo o guia, para assombrar os vizinhos.
Reza a lenda que a Moça Fantasma desce a Serra do Curral toda vestida de branco para encontrar amores perdidos.
Segundo Heloísa Starling, os fantasmas de BH surgiram da destruição das velhas casas que deram lugar à nova capital.
— Nenhuma outra capital brasileira tem destruído tanto a forma de seus lugares públicos. Essa é a maneira dos habitantes pensarem a destruição da cidade. Os fantasmas são a memória do lugar.
Quem sobe a rua da Bahia até a avenida Afonso Pena, no centro, se depara
com um grafite da Maria Papuda em frente ao Parque Municipal.
De acordo
com uma antiga lenda, ela é a última moradora do Curral del Rey e teve
um casebre destruído naquele quarteirão.
Roberto Andrés vê as histórias de fantasmas como consequência da destruição das velhas casas.
— Nessa ânsia de modernização, as casas vão sendo destruídas. É demolir e reconstruir. Isso fica gravado.
A história diz que o Avantesma da Lagoinha é um senhor de terno preto,
sem rosto definido, que assusta os motoristas.
Ele tem "aparência
excêntrica e chora um choro convulsivo". Antes, assustava os condutores
dos bondes. Hoje, pendura-se nos viadutos para importunar motoristas de
ônibus.
O fantasma do Palácio da Liberdade é um clássico de BH. Um casebre do
antigo curral deu lugar à sede do Governo, na Praça da Liberdade.
Segundo a lenda, os moradores que foram expulsos passaram a assombrar os
políticos.
Dois governadores de Minas, João Pinheiro (1860-1908) e Raul
Soares (1877-1924), morreram dentro do Palácio, o que reforçou a lenda.
Na verdade, na época, os políticos moravam no Palácio. Quando
governador, Itamar Franco (1930-2011) testemunhou aparições. "As portas
fechadas, as janelas fechadas e de repente a porta abria. Isso acontece
de vez em quando aqui".
A Loira do Bonfim, segundo a lenda, aparece no cemitério de mesmo nome,
criado no ano de fundação de BH, em 1897, na região noroeste.
Os livros
contam que a mulher pedia carona para os motoristas para voltar para
casa, que era o próprio cemitério. Ao chegar ao destino o homem,
assustado, percebia que a loira já tinha desaparecido entre os túmulos
antigos do lugar.
Fonte: R7
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