Em um exemplo de um dos primeiros truques fotográficos, um fantasma
parece estar ao lado da cama de uma jovem (Foto: crica 1860-1869,
Londres, Inglaterra). ©Hulton-Deutsch Collection/Corbis.
As ideias sobre aparições do mundo espiritual remontam aos primórdios da
história escrita e são provavelmente ainda mais antigas na tradição
oral.
Uma enquete recente da CBS News descobriu que metade dos
norte-americanos acredita em fantasmas, e 22% dizem que já viram ou
sentiram a presença de um fantasma. Apesar disso, a ciência convencional
é clara e inequívoca: não existe nenhuma evidência científica que
explique as aparições sobrenaturais de fantasmas.
Como é possível, no
entanto, explicar eventos em que pessoas racionais acreditam
sinceramente ter visto ou sentido a presença de um fantasma? Quais são
as explicações científicas e não-paranormais para o fenômeno do
avistamento de espíritos?
Existem várias explicações do mundo real para as aparições de fantasmas.
O pesquisador Loyd Auerbach, autor de vários livros sobre o assunto,
acredita em fantasmas e investigou relatos de aparições durante 30 anos.
Ele admite, no entanto, que grande parte das supostas aparições pode
ser explicada por fenômenos naturais. O principal deles é a condição
psicológica do individuo que presenciou uma aparição.
Auerbach afirma que isso ocorre porque “as pessoas estão predispostas –
seja porque assistiram a um programa de TV ou porque alguma coisa
desagradável está acontecendo em suas vidas. Elas podem estar
psicologicamente perturbadas, mas acredito que, na maioria dos casos,
cometem erros porque estão totalmente sensibilizadas por um
acontecimento totalmente fora do normal. As pessoas são sugestionáveis, e
quando isso ocorre, atribuem outro significado para um evento
corriqueiro”.
©Elisa Lazo de Valdez/Corbis
Ocasionalmente, um fenômeno natural ou uma combinação de fenômenos
diferentes, pode resultar no “avistamento de um fantasma”. Uma pesquisa
realizada na década de 1970, por exemplo, sugere que campos
eletromagnéticos de frequência extremamente baixa (ELF, em inglês) podem
estimular certas áreas do cérebro e produzir efeitos que costumam ser
associados a assombrações.
“Tive um caso desses há alguns anos: uma
família mudou-se para uma casa e, em determinado cômodo, sentiam
tonturas e dor de cabeça”, disse Auerbach.
“Eles também viam sombras
pelo canto dos olhos”.
Auerbach investigou o caso e descobriu que a casa ficava embaixo de
cabos de alta tensão que criavam um campo eletromagnético e produziam um
zumbido de baixa frequência, justamente “na frequência em que nossos
olhos vibram”, afirmou. “Isso pode fazer com que as pessoas vejam coisas
pelo canto dos olhos”.
Segundo Auerbach, zumbidos de baixa frequência, também denominados
infrassons, podem produzir estados de ansiedade e medo. “Hollywood sabe
disso pelo menos desde a década de 1950, e é por isso que utiliza sons
de baixa frequência na trilha sonora dos filmes de terror”.
©iStock
Em muitos casos, a suposta assombração é causada por múltiplos fatores
que parecem sobrenaturais quando são combinados. Auerbach disse, por
exemplo, que infrassons e ondas eletromagnéticas explicaram apenas
parcialmente os fenômenos que ocorriam na casa embaixo dos fios de alta
tensão.
“Não eram apenas dores de cabeça, as pessoas diziam que sentiam
cheiros parecidos com enxofre. Também relataram explosões de fogo
capazes de chamuscar paredes”.
Investigações posteriores revelaram que a casa estava próxima a um
depósito de lixo, e que gás metano estava sendo emitido através do solo.
“Esse era o cheiro que estavam sentindo e havia tanta eletricidade
estática na casa que o metano pegava fogo” disse Auerbach.
©iStock
Em uma ilustração de 1874, Anne Morgan – que dizia estar morta há dois
séculos – aparece com o nome de “Katie King” para os investigadores de
fantasmas através de médiuns da Filadélfia. ©Corbis
Nos casos que não envolvem emissões de energia ou fatores psicológicos, e
que a pessoa afirma ter visto uma aparição, o “fantasma” pode ser
apenas uma ilusão de ótica.
O caso mais comum é o da luz através de uma
janela ou refletida por alguma superfície. Existe também um fenômeno
denominado pareidolia, no qual o cérebro atribui significado a imagens
ou padrões aleatórios, fazendo com que o individuo veja, por exemplo,
rostos em nuvens ou o fantasma da avó nas sombras do guarda-roupa.
Dante Centouri, diretor de produções criativas do Great Lakes Science
Center, acredita que as supostas aparições de fantasmas são sempre o
resultado de um fenômeno natural mal interpretado. Mesmo os eventos que
não podem ser explicados, são apenas uma questão de ponto de vista ou de
atribuição de significado que não corresponde à verdade.
Centouri disse que “somos muito propensos a erros de observação e
percepção. Temos a predisposição de preencher as lacunas com um contexto
cultural, com as imagens com as quais somos bombardeados diariamente.
Vemos algo que não podemos explicar e rapidamente dizemos que se trata
de um ‘fantasma’”.
Esta foto de 1936 tirada em Norfolk, Inglaterra, pelo Capitão Hubert C.
Provand mostra o fantasma conhecido como “Brown Lady”.
A foto foi
publicada na revista Country Life. ©Wikimedia Commons
Alucinações visuais são frequentemente apontadas como a explicação
científica para as aparições de fantasmas. Segundo algumas pesquisas, as
alucinações podem ser causadas por condições psicológicas ou por ondas
eletromagnéticas que afetam o cérebro.
Auerbach afirma que esse é um
campo de pesquisa bastante nebuloso, pois uma experiência que pode ser
classificada como alucinação, também pode representar a aparição de um
fantasma verdadeiro.
“O fato é que as pessoas podem ter experiências que seriam chamadas de
alucinações”, afirma. “Mas, se o que foi visto é historicamente correto e
a pessoa descreve coisas que não poderia saber, o fato merece ser
pesquisado”.
Os pesquisadores sempre devem considerar um fenômeno não-paranormal
quando investigam aparições de fantasmas: a fraude. Auerbach diz que, na
maioria das vezes, trata-se de um membro da família ou de uma criança
fazendo uma brincadeira.
Às vezes o farsante tem outros objetivos e
tenta enganar o investigador também. Será que Auerbach já atendeu
pedidos de pessoas tentando imitar um roteiro do Scooby Doo?
“Raramente. De vez em quando recebo pedidos um tanto suspeitos.
Sempre
pergunto o que as pessoas esperam da investigação. Se dizem que querem
vender a história para o cinema e ganhar um monte de dinheiro, não me
envolvo. Já atendi um casal que participava de um grupo de céticos
tentando me pegar”.
©iStock
Robert Schoch, professor de ciências naturais em Boston, conduziu uma
pesquisa sobre a relação entre as ondas cerebrais e as ondas
geomagnéticas. Ele menciona o fenômeno de “aparições de crises”, que
ocorrem quando um membro da família vê o “espirito” de um parente no
momento exato em que este morreu.
“Algumas pessoas acham que tudo é
apenas coincidência. Mas tenho observado que existem boas razões
estatísticas para excluir alguns fenômenos do campo da coincidência”,
diz Schoch.
Ele acredita que as aparições não são fantasmas no sentido de espíritos
de pessoas, mas o fenômeno pode ser uma espécie de percepção
extrassensorial que ainda não somos capazes de identificar.
Um dos
objetivos da pesquisa é determinar se as ondas cerebrais de certos
estados emocionais podem ser transferidas a longa distância, de uma
pessoa para outra, através de ondas de baixa frequência – os mesmos
comprimentos de onda presentes no campo geomagnético da Terra.
Segundo Schoch “um estudo analisou as aparições de crises e os padrões
geomagnéticos da superfície da Terra. Parece que os incidentes
envolvendo aparições de crises se correlacionam com o fluxo
geomagnético”.
Schoch acrescentou que é arriscado, profissionalmente, promover dentro
da comunidade acadêmica, quaisquer teorias sobre fenômenos
parapsicológicos, como percepção extrassensorial ou aparições de
fantasmas, mas ele acredita que é importante estudar o assunto. “Quando
nos livramos de 95% do que é falso, o que sobra parece ser verdadeiro”.
©iStock
Fonte: Discovery Notícias
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