Ilustração mostra como era a possível aparência dos Metaspriggina,
peixes primitivos que viveram há mais de 500 milhões de anos e de cujas
estruturas os cientistas acreditam que as mandíbulas dos vertebrados
evoluíram
- Marianne Collins
Peixes que viveram há mais de 500 milhões de anos são os exemplares mais antigos a apresentar estruturas que depois evoluíram para os ossos da face vistos nos animais atuais.
Uma importante peça na história da evolução dos vertebrados, subfilo
do reino animal que inclui praticamente todos os peixes, anfíbios,
répteis, aves e mamíferos hoje vivos, acaba de ser identificada.
Segundo
cientistas das universidades de Cambridge, no Reino Unido, e de
Toronto, no Canadá, raros fósseis bem preservados de uma espécie de
peixe que viveu há mais de 500 milhões de anos são os mais antigos já
encontrados a apresentar estruturas próximas de suas cabeças que
eventualmente evoluíram para formar as mandíbulas hoje vistas nos
animais.
Até recentemente, eram conhecidos apenas dois fósseis muito danificados deste peixe primitivo, batizado Metaspriggina, mas uma série de descobertas na Bacia de Burgess, na região das Montanhas Rochosas do Canadá, mudou radicalmente este cenário.
Ao todo, os cerca de cem fósseis permitiram aos pesquisadores observarem que os Metaspriggina tinham vários pares de arcos localizados na parte da frente de seu corpo cujos três primeiros, os mais próximos da cabeça, eles apontam como mais provável origem das futuras mandíbulas dos vertebrados.
- Obviamente os peixes com mandíbulas só vieram mais tarde, mas isso é como um ponto de partida: está tudo lá e pronto para seguir em frente – comenta Jean-Bernard Caron, professor da Universidade de Toronto e coautor do estudo sobre os fósseis, publicado na edição desta semana da revista “Nature”.
- Não apenas isso é uma grande descoberta, que vai ter um papel-chave na compreensão de nossas próprias origens, como também demonstra que o sítio da Bacia de Burgess tem um fantástico potencial para revelar informações sobre o começo da evolução de muitos outros grupos de animais durante este momento crucial da história da vida.
Isso porque os fósseis do Metaspriggina, assim como muitos dos encontrados na região canadense, datam do Período Cambriano, época da história da Terra que viu uma explosão na quantidade e diversidade das formas de vida que deu origem à maioria dos animais hoje existentes.
Os mesmos fósseis do peixe primitivo, por exemplo, também permitiram aos cientistas observarem que a distribuição de seus músculos indica que eles eram nadadores muito ativos, como as trutas atuais, que eles viam o mundo por meio de um grande par de olhos e usavam suas estruturas nasais para sentir o que acontecia à sua volta.
- O detalhamento destes fósseis de Metaspriggina é surpreendente – conta Simon Conway Morris, professor da Universidade de Cambridge e principal autor do artigo na “Nature”. - Mesmo os olhos estão lindamente preservados e claramente evidentes.
Fonte: O Globo Online
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