terça-feira, 21 de julho de 2009

Astrônomos veem sinal de novo grande impacto em Júpiter

Imagem de impacto de fragmento do Shoemaker-Levy, feita pelo Hubble em 1994. Nasa


Se confirmado, impacto seria comparável ao do cometa Shoemaker-Levy, avistado pelo Hubble em 94.


O astrônomo amador australiano Anthony Wesley divulgou na internet a imagem, feita no domingo, 19, de uma mancha escura aparecendo perto do polo sul do planeta Júpiter, o maior do sistema solar.

O anúncio, que se espalhou rapidamente pelo Twitter, mobilizou vários outros observadores, entre amadores e profissionais. A mancha parece ser a marca deixada pelo impacto de um cometa ou asteroide.

Os astrônomos Glenn Olson e Leigh Fletcher, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa fizeram e analisaram as primeiras imagens em infravermelho da mancha, e estão convencidos de que se trata realmente do sinal de um impacto.

"De jeito nenhum que uma coisa tão escura assim em Júpiter seria uma tempestade", disse Olson. As imagens obtidas por eles, a partir de um telescópio baseado no Havaí, ainda não foram liberadas para divulgação pela Nasa.


A imagem feita por Wesley, em seu telescópio. O sul está para cima, onde aparece a mancha preta


Olson disse que ainda não está claro quando o impacto que teria gerado a mancha ocorreu, mas que até o momento não surgiu nenhuma foto de Júpiter anterior ao dia 19 que mostrasse o buraco na atmosfera do planeta gigante.

Uma explicação alternativa para a mancha seria a de um fenômeno climático, como a Grande Mancha Vermelha, uma tempestade que perdura há séculos na atmosfera no planeta.


Exemplo para a Terra


O astrônomo Fernando Roig, pesquisador do Observatório Nacional (ON), diz que o surgimento de um sinal de impacto em Júpiter, mesmo sem que o objeto causador tivesse sido detectado antes, é perfeitamente possível.

"Pode ser um corpo que não havia sido avistado, ou sobre o qual ainda não havia informações suficientes para um cálculo de trajetória", afirma.

Roig diz ainda que a confirmação do impacto depende de mais observações. Mas acredita que, aparentemente, não se trata de um efeito atmosférico, nem de uma sombra.

Ele também explica que é normal que um buraco na atmosfera do planeta gigante permaneça aberto por vários dias.

"Essa é uma peculiaridade da dinâmica da atmosfera de Júpiter, onde aparecem diversas características que se preservam por muito tempo".

O impacto com Júpíter, se confirmado, não afeta os cálculos de probabilidade de a Terra vir a sofrer um choque semelhante, diz o astrônomo.

Mas o fato representa um exemplo de algo que poderia ocorrer aqui: "Algum objeto pequeno, pouco conhecido, poderia aparecer de repente sem que desse tempo de fazer alguma coisa".

"Mas é de se esperar que esse fenômeno seja mais frequente em Júpiter", pondera. Sendo o planeta de maior massa do sistema solar, Júpiter exerce uma atração muito maior que a da Terra sobre os corpos que vagam pelo espaço.


Shoemaker-Levy


A marca escura está sendo comparada aos sinais deixados pela colisão do cometa Shoemaker-Levy com Júpiter em 1994, um evento que havia sido previsto e que foi acompanhado pelo Telescópio Espacial Hubble.

A colisão de 94 foi a primeira entre dois corpos do sistema solar acompanhada em tempo real por cientistas, e envolveu mais de 20 fragmentos do cometa, cada um com cerca de 2 km de diâmetro, mergulhando na atmosfera de Júpiter.

O website Spaceweather.com pede que mais astrônomos tentem produzir imagens da mancha escura, e já traz links para algumas das primeiras fotos feitas em outras partes do mundo.


Imagem em infravermelho mostra a nuvem de destroços flutuando sobre a marca do impacto. Nasa

Imagem em infravermelho do local da colisão obtida pelo telescópio infravermelho Keck 2. Divulgação


Nuvem brilhante que aparece nessa faixa de luz representa destroços do impacto flutuando na atmosfera.

A Nasa divulgou na noite de segunda-feira, 20, imagens em infravermelho que dão sustentação à hipótese de que o planeta Júpiter foi atingido, recentemente, por outro astro, um cometa ou asteroide.

Os autores da foto em infravermelho, os astrônomos Glenn Orton e Leigh Fletcher, já haviam defendido a ideia do impacto em entrevista ao estadao.com.br, na tarde de ontem.

A nota da Nasa que acompanha as fotos lembra que a descoberta do sinal da colisão acontece 15 anos após o primeiro, e até agora único, impacto entre dois astros do Sistema Solar já acompanhado por cientistas - o mergulho de fragmentos do cometa Shoemaker-Levy 9 na atmosfera de Júpiter.

O sinal de um possível impacto em Júpiter havia sido detectado inicialmente por um astrônomo amador, o australiano Anthony Wesley.

Seguindo a dica de Wesley, Orton e Fletcher usaram o Telescópio Infravermelho mantido pela Nasa no Havaí, para reunir evidências da colisão.

As imagens em infravermelho mostram uma marca escura perto do Polo Sul, e partículas brilhantes na atmosfera superior.

A mancha brilhante representa o calor do Sol sendo refletido por partículas de material que flutuam acima da atmosfera. Essas partículas possivelmente são vestígios de alguma coisa que atingiu o planeta e explodiu.

"Poderia ser o impacto de um cometa, mas ainda não temos certeza", disse Orton. Falando à revista britânica NewScientist, Fletcher disse que a cicatriz deixada pelo impacto parece ter o tamanho do planeta Terra.

Outro telescópio infravermelho baseado no Havaí, o Keck 2, também obteve imagens da nuvem de dejetos produzida pela colisão.

Segundo nota divulgada pelo observatório W.M. Keck, que abriga o telescópio, as imagens são consistentes com o tipo de ejeção de material observada durante o impacto do Shoemaker-Levy 9, em 1994.


Fonte: Estadão

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